Mark Gruenberg (People’s World)
Os EUA tiveram 14.285 milhões de membros de sindicatos no calendário 2022, 273 mil mais do que no ano anterior, a pesquisa anual da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas reportou. Mas, porque a força de trabalho cresceu mais rápido enquanto a nação se recuperou da depressão causada pelo coronavírus de 2021, a densidade sindical declinou de 0,2% para 10,1%, a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas adicionou.
Todos os ganhos vieram no setor privado, onde a filiação sindical cresceu em 293.000, para 7.223 milhões. O setor público, que ainda tem que se recuperar das perdas de emprego que o choque causado pelo vírus produziu, entretanto, reportou 7.062 milhões de membros, mais 823.000 “passageiros gratuitos,” que usam os serviços sindicais, mas não pagam um centavo por eles.
Mesmo o número geral da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas, e o aumento, pode ser baixo. A Secretaria de Estatísticas Trabalhistas baseia seus dados em uma pesquisa contínua de 60.000 trabalhadores através do ano, não nos relatórios de filiação individual que os sindicatos preenchem com outra seção do Departamento Trabalhista, ou as perdas ou ganhos de eleições trabalhistas que o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas compila.
E os membros dos sindicatos em qualquer ano não incluem os “passageiros gratuitos,” cobertura de contratos de trabalho que não são membros. Há 1,7 milhões deles em 2022, a pesquisa da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas disse, novamente 200.000 mais do que no ano anterior.
Em uma declaração, a presidente da AFL-CIO, Liz Shuler, notou que o número absoluto de sindicalizados cresceu, apesar da intensa destruição de sindicatos por corporações Golias como a Amazon e a Starbucks.
“Em 2022, nós vimos os trabalhadores crescendo, apesar da frequente oposição ilegal das empresas que prefeririam pagar milhões a empresas destruidoras de sindicatos do que dar aos trabalhadores um lugar na mesa,” ela disse. “O impulso do momento que nós estamos está claro.”
“Vitórias de organização estão acontecendo em cada indústria, públicas e privadas, e em cada setor de nossa economia por todo o país. A onda de organização vai continuar a ganhar força em 2023 e além, apesar das leis trabalhistas quebradas que aparelham o sistema contra os trabalhadores.”
A federação usou os dados para novamente argumentar para legisladores para passar a Lei Protegendo o Direito Organização (PRO, na sigla em inglês) e a Lei de Liberdade para o Serviço Público Negociar, “que vão responsabilizar as empresas e organizações destruidoras de sindicatos, e dar aos trabalhadores o poder de negociação que eles merecem.” Então, “qualquer um que queira se unir a um sindicato em um emprego pode fazê-lo.”
Os números da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas também não refletem a maré das eleições sindicais no último ano. Só no ano fiscal de 2022, que cobriu os primeiros nove meses do ano do calendário, o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas reportou ter realizado 1.522 eleições sindicais, acima de 59,5% das 954 do ano anterior. Esses números ficam para trás, também, porque eles não incluem vitórias e perdas de outubro a dezembro de 2022.
Apenas das duas últimas semanas de dezembro, por exemplo, o conselho certificou uma vitória de 13 a 5, entre 42 trabalhadores, em um Starbucks em Columbus, Ohio, a Associação de Enfermeiros e Profissionais de Saúde da Pensilvânia venceu de 191 a 64, no Geisinger Medical Center fora de Scranton-Wilkes Barre, Pa, e houve uma maioria de votos de 99 a 3 para o Escritório Funcionários Profissionais Local 153, na Universidade de Tufts, em Massachusetts.
Também não refletido em uma pesquisa: o tsunami de apoio da AFSCME (Federação Americana de Funcionários Estaduais, do Condado e Municipais) no Instituto de Arte de Chicago (410 a 33), entre 600 trabalhadores, em dezembro, ou as duas vitórias da AFT Local 5.221 por uma margem combinada de 12 a 0 – todos votaram – no Centro Médico da Universidade de Vermont, em Burlington. Houve dúzias de outras vitórias.
Nem, aliás, a vitória mais divulgada de 2022: a vitória do independente Sindicato da Amazon, na empresa de envio monstro do depósito Staten Island JFK8. Graças a ter que abrir caminho, e rejeitar, uma maré de objeções do empregador, o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas não certificou aquela vitória, de 2.654 a 2.131, até no final de dezembro. O depósito emprega 8.325 trabalhadores.
Como sempre, a densidade sindical foi mais alta no Nordeste e na Costa Pacífica, com os estados dos Grandes Lagos não muito atrás. O Havaí (21,9%) liderou, com Nova York (20,7%), em segundo. Um de cada seis trabalhadores no Alaska, Oregon e Califórnia eram membros de sindicatos, na pesquisa.
Assim eram 13,1% dos trabalhadores em Illinois, 14% em Michigan – onde os números e densidade cresceram, apesar das leis de direitos trabalhistas Republicanas – 14,1% na Pensilvânia e 14,9% em Nova Jersey. A anti-sindical Carolina do Sul (1,7%) ficou em último, e a Carolina do Norte (2,8%) um pouco acima.
Os números também reforçam outra mensagem: a vantagem sindical nos salários, aproximadamente um prêmio de 20% – um salário semanal médio de $1,219, sobre salários de trabalhadores não sindicalizados de $1,029.
A federação previu que os números, e densidade, virariam para cima no futuro, como toda organização agora paga em vitórias e contratos.
“Os dados não capturam a onda em organização dos trabalhadores através de cada setor, de assistentes de professores a baristas, a trabalhadores de museus, trabalhadores de construções, desenvolvedores de videogames e muito mais. Com o ressurgimento da organização sindical e investimentos federais sem precedentes em criações de empregos, o movimento trabalhista está prestes a crescer significativamente nos anos que estão por vir,” ele disse.
Mark Gruenberg é chefe do escritório de Washington, DC., do People’s World. Ele também é editor do serviço de notícias sindicais Press Associates Inc. (PAI).
Tradução: Luciana Cristina Ruy
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