Os Estados Unidos anunciaram que vão enviar mais três mil militares para o Oriente Médio após o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani. De acordo com fontes do Departamento de Defesa, citados pela Associated Press sob condição de anonimato, os efetivos pertencem à 82.ª Divisão de Paraquedistas de Fort Bragg, no Estado da Carolina do Norte.
Aqueles efetivos somam-se aos cerca de 700 soldados da 82.ª Divisão que foram enviados para o Kwait no início desta semana após a invasão do complexo da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá.
O reforço da presença militar norte-americana começou a tomar forma após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter feito os primeiros comentários sobre a ataque ao declarar que ordenou a morte de Soleimani porque este “planejava matar muitos americanos”.
Qassem Soleimani morreu hoje num ataque aéreo contra o carro em que seguia em Bagdá que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos. No mesmo ataque morreu também o “número dois” da coligação de grupos pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular, além de outras seis pessoas.
O ataque já suscitou várias reações, tendo quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido e China – alertado para o inevitável aumento das tensões na região e pedem às partes envolvidas que reduzam a tensão.
Tempos muito difíceis
No Irã, o sentimento é de resposta à agressão. O presidente e os Guardas da Revolução garantem que o país e “outras nações livres da região” vão agir. Também o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingar a morte do general e declarou três dias de luto nacional, enquanto o chefe da diplomacia considerou o assassinato “um ato de terrorismo internacional”.
Do lado iraquiano, o primeiro-ministro iraquiano demissionário, Adel Abdel Mahdi, advertiu que este assassínio vai “desencadear uma guerra devastadora no Iraque” e o grande aiatolá Ali al-Sistani, figura principal da política iraquiana, considerou a agressão “um ataque injustificado” e “uma violação flagrante à soberania iraquiana”.
A ação também violou as condições da presença militar dos Estados Unidos no Iraque, que deve respeitar a legislação que garanta a segurança e a soberania do Iraque, acrescentou. “O ataque violento ao aeroporto internacional de Bagdá na noite passada é uma violação insolente da soberania iraquiana e de acordos internacionais. Isso levou à morte de vários comandantes que derrotaram terroristas do Daesh (Estado islâmico)”, afirmou.
“Esses e outros eventos indicam que o país está caminhando para tempos muito difíceis. Exortamos todas as partes interessadas a se comportarem com autocontrole e a agir com sabedoria ”, prosseguiu. O presidente do parlamento do Iraque, Mohammed al-Halbousi, reforçou que o ataque “é uma flagrante violação da soberania e violação de acordos internacionais”.
Síria, Rússia, França e China
O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse que recebeu a notícia “com grande tristeza”. Ele afirmou que “o mártir Soleimani morreu enquanto servia seu país e o eixo de resistência”. “O povo sírio não esquecerá o apoio de Soleimani ao nosso lado, defendendo a Síria do terror”, destacou.
A Rússia disse que o assassinato dos Estados Unidos foi um “passo aventureiro”, que aumentará ainda mais a tensão no Oriente Médio. “Após o ataque dos Estados Unidos no Iraque e o assassinato de Soleimani, o mundo enfrenta uma nova realidade”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. “Soleimani serviu à causa da proteção dos interesses nacionais do Irã com devoção. Expressamos nossas sinceras condolências ao povo iraniano”, disse o ministério.
A França também reagiu ao assassinato, dizendo que seu assassinato tornou o mundo “mais perigoso”. A ministra da Europa na França, Amelie de Montchalin, disse que “acordamos para um mundo mais perigoso”. “Nessas operações, quando podemos ver uma algo em andamento, o que queremos acima de tudo é estabilidade “, acrescentou.
Segundo ela, o presidente Emmanuel Macron enfatizou que “todos os esforços da França, m todas as partes do mundo visam a garantir que estamos criando as condições para a paz ou pelo menos a estabilidade”.
A China também pediu que “os lados envolvidos, especialmente os Estados Unidos, mantenham a calma e exercitem restrições para evitar tensões crescentes”. “A China sempre se opôs ao uso da força nas relações internacionais”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.
Governo brasileiro manifesta apoio “a ação americana na luta contra o flagelo do terrorismo”
O Ministério da Relações Exteriores disse hoje (3), por meio de nota, que o governo brasileiro ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos Estados Unidos no Iraque manifesta seu apoio “à luta contra o flagelo do terrorismo”. A nota diz ainda que o país está “pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento.”
A nota do ministério foi divulgada um dia após a ação dos Estados Unidos que matou o principal general iraniano, Qassem Soleimani, em um ataque que teve como alvo o seu comboio, nas proximidades do Aeroporto de Bagdá, capital do Iraque. A ação foi ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”, disse o Itamaraty.
Na nota, o ministério não fez comentários a respeito da morte do general iraniano, mas condenou o ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá. “O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos nos últimos dias, e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque presentes naquele país”, diz a nota.
Segundo o Itamaraty, o terrorismo não pode ser considerado um problema restrito ao Oriente Médio. O texto diz ainda que o Brasil não pode “permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul”.
O Itamaraty diz ainda que o governo acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, “inclusive seu impacto sobre os preços do petróleo, e apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas”.
O ataque dos Estados Unidos ganhou visibilidade devido aos riscos da escalada do conflito entre as duas nações. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, manifestou preocupação com a situação e advogou pela redução do aprofundamento dos conflitos no Golfo. “Este é um momento em que líderes devem exercitar sua cautela. O mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo”, pontuou.
Diante da repercussão do episódio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscou justificar o ato. Em sua conta no Twitter, declarou que Soleimani matou ou feriu “milhares de americanos por um período estendido de tempo e planejava matar muito mais” e acusou-o de participar da morte de manifestantes iranianos em seu país.
Inglaterra, Líbano e Turquia
O líder do Partido Trabalhista da oposição, Jeremy Corbyn, pediu à Grã-Bretanha que “resistisse às ações beligerantes e à retórica vinda dos Estados Unidos”. O ministro do Exterior britânico, Dominic Raab, pediu a todas as partes que reduzam a escalada de violência. “Após a morte de Soleimani, pedimos a todas as partes que reduzam a escala. Mais conflitos não são do nosso interesse”, disse ele.
O Ministério das Relações Exteriores do Líbano também se manifestou, pedindo que o país e toda a região sejam poupados de quaisquer repercussões. O Ministério das Relações Exteriores libanês também condenou o assassinato, chamando de violação da soberania iraquiana e uma escalada perigosa contra o Irã.
O Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que o ataque aumentará a insegurança e a instabilidade na região. O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que estava profundamente preocupado com as crescentes tensões, e que transformar o Iraque em uma área de conflito prejudicará a paz e a estabilidade na região.
Fonte: Com portal Vermelho