Em outubro, o grupo “alimentos e bebidas” foi responsável, sozinho, por 61% da inflação da classe de renda muito baixa. A alta reflete o aumento nos seguintes itens: arroz (13,4%), batata (17%), tomate (18,7%), óleo de soja (17,4%) e carnes (4,3%). A alta observada no grupo “transportes”, com os reajustes de 39,8% nas passagens aéreas e de 0,9% nos combustíveis, impactou especialmente as famílias mais ricas.
No acumulado de 2020, a desaceleração nos preços dos serviços beneficiou as famílias de maior poder aquisitivo, enquanto a alta nos alimentos seguiu pressionando o custo de vida dos mais pobres. Desta forma, nos 10 primeiros meses deste ano, a inflação das famílias de renda alta (1,0%) foi bem menor que a registrada pelas famílias de menor poder aquisitivo (3,5%). De janeiro a outubro, houve aumento em itens que pesam na cesta de consumo dos mais pobres: arroz (47,6%), feijão (59,5%), leite (29,5%), óleo de soja (77,7%) e frango (9,2%). Enquanto isso, itens de maior peso para as famílias mais abastadas apresentaram deflações: passagem aérea (-37,3%), transporte por aplicativo (-22,7%), seguro de automóvel (-9,9%), gasolina (-3,3%), hospedagem (-8,4%) e pré-escola (-1,7%).
Na comparação com outubro do ano passado, a taxa de inflação para a faixa de renda muito baixa aumentou de 0,01% em 2019 para 0,98% no mesmo mês em 2020. O avanço foi menor para as classes mais altas (0,17% em 10/2019 e 0,82% em 10/2020). No acumulado em 12 meses, ou seja, de novembro de 2019 a outubro de 2020, houve aumento na inflação de todos os segmentos, sendo que a aceleração foi maior para as classes de renda mais baixa (5,3%) do que para as mais altas (2,5%).
IPEA
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