Chamorro, que era sandinista e apoiador de Ortega no passado e é filho da ex-presidente Violeta Chamorro, disse, enquanto se despedia da Nicarágua no programa “Esta Semana” que “estão criminalizando o jornalismo”. Por ora, ele seguirá à frente dos meios que dirige, porém desde a Costa Rica, para onde viajou com a mulher, Desiré Elizondo, também editora de revistas do mesmo grupo. Disse que provavelmente deve haver cortes no tamanho das publicações e no orçamento dos programas de TV, mas que “a resistência continuará”.
Há mais de um mês, estão presos sem acusação os jornalistas Miguel Mora e Lucía Pineda Ubau, que dirigem o canal “100% Notícias”, que foi tirado do ar por fazer críticas a Ortega. Além dessas prisões, estão sendo confiscados papel e recursos de outros jornais do país, como o “El Nuevo Diario”, “La Prensa” e “Metro”.
Há cerca de dois meses, as instalações do “El Confidencial” foram saqueadas pela polícia, que levaram computadores, papéis e objetos pessoais dos jornalistas.
Chamorro parece estar revivendo um triste trajeto pelo qual passou também seu pai, Pedro Joaquín Chamorro, um jornalista perseguido pela ditadura dos Somoza. Pedro Joaquín teve, porém, um destino mais trágico, foi assassinado em 1978.
A escalada de autoritarismo do regime orteguista começou em abril, com levantamentos e atos nas ruas contra o corte de pensões que foram reprimidos de forma violenta. A estimativa de mortos é de mais de 300, enquanto 500 estão presos, segundo estimativa Centro Nicaraguense de Direitos Humanos.
Fonte: Folha SP