PUBLICADO EM 07 de mar de 2018
COMPARTILHAR COM:

Contra desigualdade de gênero, espanholas convocam greve geral

Iniciativa, que começou com as espanholas, deve se refletir em 177 países, incluindo o Brasil, e tem apoio de sindicatos. Greve geral, de 24 hora, organizada pelo coletivo feminista da Espanha acontecerá no Dia Internacional da Mulher.Há eventos marcados em diferentes horários em ao menos 50 cidades do país — incluindo cidades menores, e não somente capitais.

além de não ir ao trabalho nesse dia, as mulheres são convidadas a não assumir cuidados de pessoas ou afazeres domésticos / Foto: Arquivo

Além de não ir ao trabalho nesse dia, as mulheres são convidadas a não assumir cuidados de pessoas ou afazeres domésticos / Foto: Arquivo

O Dia Internacional da Mulher, na próxima quinta-feira, dia 8 de março, terá uma mobilização especial: uma greve de mulheres. A iniciativa começou na Espanha, mas deve se refletir em 177 países. No ano passado, houve uma espécie de ensaio geral, quando manifestações de massa foram convocadas para a data. Entretanto, na ocasião, os coletivos feministas não tinham apoio sindical. Agora, os sindicatos fazem parte da base de convocação para cruzar os braços.

A Greve Internacional de Mulheres, como já é chamada, está sendo organizada também no Brasil. Há eventos marcados em diferentes horários em ao menos 50 cidades do país — incluindo cidades menores, e não somente capitais. Por aqui, mulheres de todos os estados estão se articulando pelas redes sociais para marcharem juntas. A página no Facebook que reúne os movimentos de todo o Brasil tem quase 25 mil seguidores.

NEM TRABALHO, NEM AFAZERES DOMÉSTICOS OU AULAS

“Queremos mostrar que, se nós paramos, o mundo para”, dizem os grupos feministas. Pelo menos na Espanha, além de não ir ao trabalho nesse dia, as mulheres são convidadas a não assumir cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, tarefa que majoritariamente recai sobre elas — segundo pesquisas internacionais, as mulheres dedicam duas vezes mais horas ao trabalho não remunerado do que os homens, com 26,5 horas por semana para cuidar de crianças ou familiares, tarefas domésticas, contribuições não pagas.

Outro pedido é que, nessa data, mulheres não comprem produtos e que alunos e professores não vão às aulas.

Ano passado, quando coletivos feministas também convocaram uma greve de 24 horas na Espanha, os sindicatos apoiaram os protestos apenas com paradas simbólicas de 15 minutos. Desta vez, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), sindicato atuante desde a decada de 1970, já apresentou o aviso de greve, abrangendo o dia inteiro. No caso da CGT, porém, a chamada à greve é generalizada, incluindo também homens, e não só mulheres.

A União Geral dos Trabalhadores (UGT), sindicato operário espanhol, não aderiu à greve de 24 horas, mas somente de duas horas por turno.

— Nós compartilhamos a percepção de que este país é muito machista, mas, sendo a primeira vez [da realização da greve], achamos melhor definir duas horas como ponto de partida — explicou ao “El País” Cristina Antoñanzas, responsável pelo setor de Igualdade da UGT.

A iniciativa das espanholas é da chamada Comissão de 8M, uma plataforma de organizações feministas da Espanha que coordena a greve e diferentes manifestações planejadas para o dia.

REAÇÃO POLÍTICA POSITIVA

O apelo à greve feminista dividiu as mulheres mais influentes da política espanhola, embora todas as espanholas concordem que a igualdade entre homens e mulheres não é real e que deve-se trabalhar para eliminar os obstáculos que a bloqueiam.

As líderes dos partidos de centro-esquerda e esquerda, PSOE e Podemos, dão respaldo e apoiam a greve — com a diferença de que as socialistas participarão de paradas parciais, e o Podemos incentiva a greve total. Já os partidos de centro e de direita, Ciudadanos, e PP, afirmam que respeitam o protesto, mas não participarão de qualquer greve.

Fonte: O Globo

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

QUENTINHAS