Essa é uma das constatações presentes no livro “El futuro de las ciudades”, publicado no Equador e que reúne diversos capítulos sobre cidades latino-americanas e as respectivas políticas urbanas. O professor Eduardo Cesar Marques, diretor do Centro de Estudos da Metrópole da USP, foi responsável por escrever o capítulo sobre São Paulo.
“A gente procurou todos os programas redistributivos urbanos. Encontramos 31 e analisamos a trajetória desses programas, fazendo estudos monográficos detalhados sobre cada um deles. Depois, as políticas desses programas foram comparadas”, comenta o professor sobre o conteúdo do estudo presente no livro.
“Especialmente o governo de esquerda me interessa, porque essa pesquisa tenta entender e identificar políticas redistributivas.” Eduardo ressalta o foco nos governos de esquerda, pois os resultados da pesquisa mostraram que 73% das políticas de combate às desigualdades foram criadas por governos de esquerda na cidade de São Paulo.
O estado das políticas redistributivas
O estudo busca entender melhor as políticas redistributivas. Segundo o professor, uma das perguntas teóricas principais é: “Será que existe um padrão na linha do que se chama ‘governo partidário’ e, uma vez que você sabe o partido do prefeito, você já consegue prever o comportamento das políticas?”.
A mudança de governo ou a permanência do mesmo partido no poder alteram as políticas redistributivas. “Você tem políticas que são criadas e são, aparentemente, descontinuadas, mas que voltam em governos posteriores, quando aquele mesmo partido ou forças políticas que concordam com aquela política retornam ao poder”, comenta o professor.
Eduardo completa falando que as políticas redistributivas podem resistir em estado de latência, algumas oscilam, mas é muito difícil serem terminadas.