PUBLICADO EM 13 de nov de 2018
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Retrocesso preocupante

Eu também tenho a mesma preocupação da ministra. Nossa sociedade enfrenta uma fase de conservadorismo que promete se agravar. E isso me deixa muito apreensivo. Se não atentarmos ao problema, correremos sérios riscos de retorno ao século XIX.

Em evento comemorativo dos 30 anos da constituição brasileira, a ministra do STF Carmem Lúcia disse ver “mudanças perigosamente conservadoras” em nossos costumes. E que a sociedade não deve recuar em direitos sociais já conquistados.

Eu também tenho a mesma preocupação da ministra. Nossa sociedade enfrenta uma fase de conservadorismo que promete se agravar. E isso me deixa muito apreensivo. Se não atentarmos ao problema, correremos sérios riscos de retorno ao século XIX.

Vejam a polêmica criada com a questão do Enem de 2018, tragicamente deturpada por ‘sociólogos’, ‘filósofos’, ‘cientistas políticos’ e ‘antropólogos’ das redes sociais. Todos criticaram a questão por, segundo eles, ‘incentivar o homossexualismo’.

O assunto foi retirado do livro ‘Amora’, vencedor do prêmio Jabuti de 2016, na categoria contos, e já muito usado por pesquisadores, em seus trabalhos de pós-graduação, conforme lembra sua autora, Natália Borges Polesso, de 37 anos, rio-grandense de Bento Gonçalves.

Tive o prazer de ler todo o conto, que foi publicado em 6 de novembro, no ‘blog’ ‘Página Cinco’, e percebi o quanto de desinformação teve esse grupo de críticos que se baseiam em nada sobre nada, igual a nada.

Entendo e aceito que a sociedade humana viva em frequentes mudanças. São decorrentes do fato do ser humano pensar e refletir. Essas mudanças devem sempre visar o melhor da humanidade e, consequentemente, o melhor da sociedade.

O que indigna é quando as mudanças são baseadas no senso comum e levam a sociedade à involução. Por tudo que passamos no século XX, o mais violento da história da humanidade, a preocupação com o retrocesso é pertinente.

As ações dos governos, de esquerda, centro ou direita, assim como os aperfeiçoamentos de direitos sociais, devem sempre ser no sentido de não permitir atrocidades praticadas contra a vida humana, contra o próprio planeta e suas riquíssimas outras vidas.

A declaração universal dos direitos humanos, redigida, aprovada e aclamada em 1948 pelas nações unidas e estarrecidas com as violências constatadas durante e ao final da segunda guerra, veio exatamente para evitar o retorno da prática de atos desumanos.

A declaração objetiva estabelecer condições mínimas de vida para todos os seres humanos, independente de suas ideologias, religiões e outras opções. E não para somente os humanos bons. Até porque, durante muitos anos, Adolf Hitler foi tratado com um ser humano bom.

Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá

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