Terminadas as eleições, a vida segue. E com ela seguem as nossas tarefas, sejam pessoais, familiares, profissionais, sindicais ou políticas. No que diz respeito à política, o ambiente piorou muito, com o avanço da direita e do extremismo do campo direitista.
Mas os escolhidos foram eleitos com o voto do povo. E resultado nascido das urnas não se questiona, a não ser mediante indícios claros de fraude. Cabe, portanto, em primeiro lugar, acatar o resultado. Em seguida, é dever de todos manter vigilância para que a Constituição seja respeitada e cumprida.
Vamos dar aos eleitos o voto de confiança, esperando que as promessas não sejam traídas. A meu ver, o povo precisa estar mais atento ao comportamento dos políticos. É o caso, por exemplo, de João Doria, que foi eleito prefeito de São Paulo, ficou menos de um ano e meio no cargo, não fez uma única obra importante e, ainda assim, venceu a eleição para o Estado. Que credenciais ele tem, pergunto?
Sobre Bolsonaro, há duas preocupações mais objetivas. A primeira é quanto ao autoritarismo que possa aplicar aos opositores, incluindo a própria imprensa, da qual ele parece não aceitar críticas. A segunda é sua contrariedade em relação a políticas sociais, cuja suspensão virá agravar as condições de vida dos mais pobres.
O sindicalismo está atento. Não aceitaremos que o governo piore ainda mais as relações capital-trabalho, imponha a reforma neoliberal da Previdência, estimule a precarização de direitos e crie embaraços ao trabalho decente defendido pela Organização Internacional do Trabalho – OIT.
A história não anda em linha reta e a democracia é um modelo de governo que está sempre em transformação. Entre todos os regimes, o democrático é o melhor para os povos, pois ele possibilita correções de rota, fiscalização dos governantes, combate a abusos e denúncias de eventual corrupção e descumprimento de compromissos dos eleitos.
Os setores mais conservadores do bolsonarismo pregam a volta do ensino de moral e cívica nas escolas. Isso funcionou parcialmente na época da ditadura, quando a escola tinha partido e era o partido do poder. Aquela matéria era chapa-branca e reprovada pela imensa maioria dos alunos.
Entendo que, mais importante, é ter aulas de civismo. Aulas que não só informem, mas formem o aluno pra ser um cidadão consciente de seu papel social, do valor de seus direitos e da diferença, na sua vida, entre ser ou não ser politizado.
O baixo grau de politização no País não é causa de todos os nossos atrasos, mas é responsável por grande parte deles e muitos erros coletivos. Erro, por exemplo, de consagrar pelo voto candidatos que desprezam a democracia, pregam o banimento de adversários e, por incrível que pareça, propõem até o fuzilamento de desafetos.
A vida segue. Não será fácil pra ninguém. E eu me considero no dever de falar sobre isso e deixar o público alerta.
José Pereira dos Santos é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical