A Grécia antiga, berço da democracia, era uma sociedade escravista e machista, onde poucos participavam das decisões políticas. Com o passar dos tempos, a democracia se aperfeiçoou e chegou aos nossos dias. Se não perfeita, pelos menos como um sistema político de poucas falhas.
Com a constituição de 1988, o Brasil passou a conviver com a democracia de maneira mais madura. E seu fortalecimento também virá com o passar dos tempos. Infelizmente, neste momento, não vivemos uma democracia, mas sim uma realidade decorrente de um golpe contra ela.
Hipocritamente, os meios de comunicação apregoam que estamos vivendo um momento importante e que a democracia brasileira funciona com base na definição radical da ‘participação de todos e todas’. Gabam-se de que temos vasto número de partidos e candidatos.
O Brasil tem mais de 210 milhões de habitantes, conforme o instituto brasileiro de geografia e estatística. E essa vasta população é formada por pessoas dos mais variados gostos políticos: direita, esquerda, centro, extrema direita, extrema esquerda etc.
Infelizmente, somos levados a acreditar que, neste momento, os candidatos que se apresentam atingem o gosto político da maior parte da população brasileira. A ilusão é a de que cada um de nós tem um candidato de sua preferência.
A democracia brasileira, entretanto, mantém preso o candidato que lidera todas as pesquisas. Tudo bem que ele está registrado no tribunal superior eleitoral. Mas será que seu nome será levado às cédulas? Em caso positivo, poderá ganhar no primeiro turno.
Supondo que ganhe, será diplomado? E empossado? Será? Essa dúvida desfaz a sensação de que vivemos uma democracia, apesar dos demais candidatos contemplarem todos os vieses políticos. Isso precisa ser resolvido imediatamente.
O que está sendo usurpado, no momento, não é apenas a certeza dele concorrer, mas sim o direito da maioria dos eleitores que nele quer votar. E até mesmo o direito de quem nele não vota, mas que preza a liberdade democrática de ele concorrer.
Errados estão não apenas os que condenam a candidatura de Lula, mas também a existência de vários partidos políticos. Como podemos afirmar que um país é democrático com a existência de somente dois, três, quatro ou cinco partidos?
Outro ponto polêmico da nossa falsa democracia, da nossa ditadura da toga e da mídia, é a obrigatoriedade do voto. Teoricamente, numa democracia de verdade, a imposição não deveria existir. O voto deveria ser opcional.
Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá