Tancredo Neves foi um dos últimos grandes políticos brasileiros. Ele se preparou a vida toda pra chegar à Presidência da República. Porém, por força do destino, não pôde assumir o comando da Nação. Teria sido um grande Presidente, pois não lhe faltavam experiência, habilidade e honestidade.
Já Bolsonaro não construiu uma carreira e nada fez pra se credenciar ao comando do País que tem o quarto maior território do mundo, as maiores reservas minerais e naturais, possui muito petróleo, é uma das 10 maiores economias da atualidade e, principalmente, tem urgência em crescer, com democracia e justiça social.
Passados pouco mais de 100 dias de governo, pouco houve de construtivo. Ao contrário. Vimos um Presidente que cria problemas com um país vizinho importante, irrita os árabes, agride nosso principal parceiro, que é a China, e subjuga a soberania nacional, ao ceder a uma potência estrangeira a estratégica base de Alcântara.
Mais constrangedor ainda: vem a público dizer que não está preparado pra ser Presidente da República, função que ele considera um fardo pesado demais. Além disso, mostra fraqueza ao deixar que seus filhos se metam em assuntos de governo, espalhem intrigas e agridam adversários nas redes sociais. Se não era preparado, por que se candidatou?
O Brasil atravessa a mais longa recessão da nossa história. O desemprego é brutal e afeta principalmente os jovens. Os poucos empregos gerados são precários, com salário baixo. A violência só cresce e o País ainda é sacudido por absurdos como o fuzilamento do músico no Rio de Janeiro, cujo carro, onde estava com a família, foi alvo de 80 disparos de fuzil.
Não bastassem esses problemas, Bolsonaro também agride trabalhadores e aposentados – justo ele, que se aposentou aos 33 anos de idade! Seu projeto de reforma previdenciária tem amplo repúdio do sindicalismo. Sua Medida Provisória 873 ataca brutalmente o custeio sindical, algo que nem a ditadura, na sua pior fase, ousou fazer.
Espero que nosso Presidente tenha uma recaída de bom senso e mude o comportamento. Espero que, em vez de intrigas, ele se empenhe em resolver os problemas reais do brasileiro, a começar pelo fim da recessão. O Presidente é o servidor público número 1. Para tanto, além do respaldo das urnas, ele precisa ter respeito pela função máxima na República e no Estado Democrático de Direito.
LISTAS – O sindicalismo distribui abaixo-assinado contra a reforma da Previdência. Assine, seja você trabalhador da ativa, aposentado, profissional liberal ou pequeno empresário. Assine para que não haja mais desemprego e arrocho ainda, porque, se a reforma passar, a crise para os trabalhadores, as empresas e o mercado interno só vai piorar. Precisamos impedir essa violência contra os brasileiros e a Constituição-cidadã!
José Pereira dos Santos é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical