Como servidor público, estou preocupado com as propostas para a previdência dos candidatos que disputam o segundo turno da eleição presidencial.
Ambos, em especial o candidato do PSL, com base em visões liberais, entendem que o grande problema da previdência está no serviço público.
Em entrevista à TV Bandeirantes, Bolsonaro considerou o funcionalismo “o grande problema” da previdência, uma “fábrica de marajás”.
O candidato coloca na mesma panela o servidor municipal, estadual e federal, sem nada falar, em seu programa, sobre os militares, que são servidores.
Haddad também não se refere aos militares, com regime de previdência própria, enquanto muitos servidores municipais, estaduais e federais são regidos pela CLT.
Se Bolsonaro pretende acabar com as ‘regalias’ na área pública, não deve tratar todos como iguais. Até porque, na área pública, a igualdade não existe.
Um motorista da prefeitura de São Vicente não tem o mesmo salário de um motorista do congresso nacional. A desigualdade deve ser combatida de maneira desigual.
Depois das eleições, não adianta perguntar ao sindicato sobre o que fazer, como hoje acontece em relação à proposta da prefeitura de Guarujá de terceirizar a limpeza das escolas.
O sindicato organizou o melhor debate com os candidatos a prefeito. Todos afirmaram que não terceirizariam além da saúde. Agora, o sindicato reivindica respeito ao compromisso.
Infelizmente, dependendo de quem for eleito, talvez os trabalhadores não possam bater na porta dos sindicatos para perguntar sobre a reforma da previdência.
Se Bolsonaro assumir a presidência, a única instituição que defende os trabalhadores aos poucos desaparecerá, para alegria dos patrões e dos que pensam como eles.
Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá