A violência é, seguramente, um problema que aflige e preocupa os brasileiros nos dias atuais. Ela torna medievais as relações humanas, deixa a sociedade aterrorizada e gera sensação de impotência diante do crime.
Nos últimos tempos, tornou-se premente a missão de discutir e implantar medidas capazes de enfrentar o fenômeno. Infelizmente, no cenário de medo e insegurança, sempre surgem teses precipitadas.
Uma das asserções arriscadas joga a culpa da escalada da violência sobre a juventude. É necessário, no entanto, muita cautela no debate, para evitar injustiças com essa parcela da população.
Lamentavelmente, já são aplicadas penas duríssimas a milhares de jovens todos os dias. As estatísticas mostram que a violência se transformou em uma das principais causas de morte no segmento.
De acordo com a Unicef, 16 crianças e adolescentes brasileiros morrem diariamente, em média, vitimas de homicídio. As pessoas com idade entre 15 e 18 anos representam 86,35% dessas vitimas.
Enquanto a taxa de homicídios de adolescentes está em torno de 35 por 100 mil habitantes, a da população em geral se encontra em 27 por 100 mil, segundo o Datasus. Ou seja, morrem mais jovens.
Outra grande violência praticada contra os jovens brasileiros é que quase 80% deles, entre 17 e 24 anos, estão fora dos bancos universitários, segundo o instituto brasileiro de geografia e estatística (ibge).
Esse índice é um dos maiores do mundo ocidental, especialmente da América Latina. Isso gera total falta de perspectiva de futuro não somente para os jovens como também para a sociedade brasileira.
Infelizmente, com base em políticas de retrocesso aplicadas pelo atual governo federal, em relação a esse assunto, esses índices só terão a aumentar nos próximos anos.
Combater a violência não é somente colocar policias armados em todas as esquinas, aumentar os rigores da lei e construir presídios em vez de creches, escolas e universidades.
É, isto sim, combater as causas que geram a violência. E se combatem as causas investindo maciçamente na educação pública de qualidade, em todos os níveis.
Com a enorme quantidade de jovens fora das universidades, infelizmente temos que imaginar o nosso futuro não muito diferente de nosso presente.
Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá