Em meio às disputas eleitorais, um dado divulgado pelo TSE desperta a atenção: o número de idosos, segmento formado pelos cidadãos com 60 anos ou mais, ultrapassou o de jovens; população dos 16 aos 24 anos.
Os idosos representam 18,6% do eleitorado, ou 27,3 milhões de votos, números capazes de definirem as próximas eleições, em todas as esferas do poder.
Ainda que os idosos tenham um peso decisivo nas próximas eleições, praticamente inexistem projetos de políticas públicas para a população idosa nos planos de governo dos candidatos.
A ausência de projetos por melhores condições de vida para a Terceira Idade evidencia que idosos ainda são vistos, preconceituosamente, como fardos sociais, ou seguem como seres invisíveis ao sistema.
Os temas dos candidatos são, basicamente, geração de emprego, moradia, segurança, transporte, entre outros que formam a base social, no entanto, nunca estes são atrelados às vidas dos idosos, que possuem necessidades diferenciadas dos outros segmentos da população.
Mesmo formando um imenso bloco de 27,3 milhões de votos e constituindo-se como o segmento populacional que mais cresce no país, há desconhecimento da classe política sobre as questões da vida na Terceira Idade.
Os raros candidatos que apresentam propostas para o segmento, em geral, são superficiais e genéricas, mostrando apenas um movimento para a captação de votos, sem conhecimento das necessidades da população idosa.
Há muito que pode ser feito. Nos planos federal, estadual e municipal, importante passo seriam as criações de Secretarias específicas para os idosos, concentrando as informações, promovendo debates, estudos e, consequentemente, gerando ações específicas.
Por meio das Secretarias, em consonância com os representes nas prefeituras, câmaras municipais, no Congresso Nacional e no executivo nacional, poderiam difundir ações como assegurar as leis estabelecidas no Estatuto do Idoso, criação de Centros de Convivência; Casas Dia, para acolhimento; praças com equipamentos de ginástica, isenções de IPTU para os idosos com renda até dois salários mínimos, isenção dos pedágios, programas de distribuição de medicamentos de uso contínuo, programas específicos no Sistema Único de Saúde (SUS) para a Terceira Idade, dentre tantas medidas que promoveriam o bem-estar.
Infelizmente, é também fato que os próprios idosos não têm a dimensão do seu poder em definir as eleições. Muitos votam sem analisar se o candidato possui propostas para a Terceira Idade e há ainda os que estão deixando de votar e, assim, em ambos movimentos, abrem espaço para elegerem representantes que não possuem compromissos com as causas da Terceira Idade, ficando ainda mais isolados na sociedade, sem ter depois como reivindicarem.
Não há mais como pensar o Brasil do futuro sem considerar os milhões de idosos. O perfil da população brasileira está mudando significativamente, a expectativa de vida está aumentando, as pessoas vivem mais, porém, o grande desafio é incluir a Terceira Idade nas políticas públicas para que eles possam, muito além de viver mais, viver com melhor e com dignidade.
Marcos Bulgarelli é presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos.