PUBLICADO EM 15 de maio de 2019
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Educação versus atraso

A bem da verdade, os governos nunca investiram o suficiente na Educação. Houve uma experiência histórica no Rio Grande do Sul, no final dos anos 1950, quando o governador Brizola construiu 6.300 escolas. Décadas depois, o mesmo Brizola viria a investir 54% do orçamento do Rio de Janeiro em seu projeto educacional.

Por ser agrário e continental, o Brasil conviveu por séculos com imensa população analfabeta. Isso começou a mudar com o advento da República, mas ganhou impulso quando Getúlio Vargas, em novembro de 1930, criou o Ministério da Educação. A Constituição getulista, de 1934, tornou a Educação dever do Estado.

A bem da verdade, os governos nunca investiram o suficiente na Educação. Houve uma experiência histórica no Rio Grande do Sul, no final dos anos 1950, quando o governador Brizola construiu 6.300 escolas. Décadas depois, o mesmo Brizola viria a investir 54% do orçamento do Rio de Janeiro em seu projeto educacional.

Um marco importante se deu com a Lei Calmon, regulamentada em 1985, pela qual os governos estaduais e municípios ficaram obrigados a investir em Educação no mínimo 25% dos seus orçamentos. A determinação foi mantida na Constituição de 1988. Isso permitiu muitas melhorias na rede pública. A criação dos Conselhos estimulou a participação da sociedade nas políticas educacionais, bem como fiscalizar o uso dos recursos.

Tivemos um salto efetivo no governo Fernando Henrique, que, talvez por ser professor, buscou universalizar o acesso ao ensino. Seus oito anos no poder marcaram a entrada maciça de estudantes na rede pública.

Com Lula, a Educação deu um salto. Seu governo criou dezenas de universidades, viabilizou a lei de cotas e massificou o crédito educacional. Com isso, muitos jovens pobres conseguiram chegar à universidade. No governo Lula, o professor também passou a receber Piso Salarial.

De um jeito ou de outro, nossa Educação tem recebido apoio e recursos. Não na medida necessária. Mas vários governos, de diversas vertentes, tentaram fazer o melhor pra que a situação evoluísse.

De todo modo, ainda precisamos evoluir muito. Até porque vivemos a chamada sociedade do conhecimento, a tecnologia avança e já chega à indústria 4.0, com sua modernidade e exigências. Uma dessas exigências é o alto nível educacional e de formação do trabalhador. Sem essa formação, não conseguiremos romper o baixo desempenho da produtividade nacional. Tampouco teremos empregos de qualidade, com bons salários.

Por isso, é inaceitável que Bolsonaro corte verbas da Educação, enfraqueça Institutos Técnicos, desfalque Universidades e afete o ensino fundamental. Esse tipo de corte empurra o País pro atraso e o subdesenvolvimento.

Por tudo isso, eu, enquanto cidadão que estudou no Mobral e dirigente metalúrgico, apoio a greve dos Educadores desta quarta. E fico feliz em ver setores importantes da sociedade apoiando essa luta oportuna.

Não se trata apenas de combater o corte brutal de verbas para a Educação. Trata-se de combater o atraso e exigir dos governantes compromissos com a Educação, o progresso, o desenvolvimento, a produtividade, o emprego e a construção de um Brasil em que acima de tudo esteja o interesse do povo brasileiro.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical

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