Quando Michel Temer aprovou a reforma trabalhista, ele alegava que os empregos voltariam. O sindicalismo dizia que não, porque aquela reforma, acompanhada de duro ajuste fiscal, só agravaria a recessão. Foi o que aconteceu.
Em maio deste ano, o Brasil gerou só 32.140 vagas formais. Insuficientes pra mexer no quadro nacional, que mostra um contingente superior a 28 milhões de pessoas desempregadas ou trabalhando menos do que gostariam ou desistiram de procurar emprego.
O desemprego afeta a todos. Primeiro, os que saem do mercado e não sabem quando serão recontratados e também em que condições. Geralmente, quando retornam é ocupando empregos mais precários, com salários menores. Mas a vítima principal tem sido o jovem.
Muitos jovens entre 14 a 17 anos querem trabalhar, mas não acham vaga. A taxa de desemprego nesse grupo chegou a 44,5% no primeiro trimestre. Na faixa etária seguinte, ou seja, de 18 a 24 anos, o desemprego chega a 27,3%. O índice de desocupação geral está em 13%.
Nos últimos tempos, começamos a ouvir com mais frequência a palavra “desalentado”. Esse termo denomina pessoas que desistiram de procurar emprego por achar que não existem mais vagas. O número de desalentados impressiona: são cinco milhões de brasileiros.
O impacto individual do desemprego é brutal. Estudos mostram relação direta entre desemprego e suicídio. A Associação Brasileira de Psiquiatria explica que o período mais duro são os três primeiros meses do desempregado. Não é difícil imaginar que isso tem desdobramento social, ampliando doenças depressivas, alcoolismo e a violência. Sem contar que o desempregado acaba empurrado pra bicos ilegais. Ou seja, entra em um círculo vicioso.
Como resolver isso? Não será com a reforma da Previdência de Bolsonaro, que, na prática, é mais uma medida fiscal neoliberal, que vai jogar o sacrifício nas costas dos mais pobres, inclusive pessoas idosas. O sindicalismo tem alertado que essa reforma poderá beneficiar bancos e seguradoras, mas não trará um só ganho para o segurado de hoje e do futuro.
Eu não quero irradiar pessimismo. Mas pergunto: que medida o governo tomou pra aquecer a economia, gerar empregos e retomar o crescimento? Nenhuma. Bolsonaro reduziu até o reajuste no salário mínimo, que influi direta ou indiretamente na vida de 45 milhões de brasileiros, da ativa ou aposentados.
O Brasil vive o pior momento da nossa história republicana. Desemprego em massa, economia parada, arrocho salarial, cortes na Educação, entrega de patrimônio nacional a potências estrangeiras e ataques a direitos e à organização sindical. Diante desse quadro, Bolsonaro se mostra confuso, arrogante e impotente. O caminho seria escutar menos os filhos e ouvir mais a sociedade.
Mas isso dificilmente ele fará. Por isso, trabalhadores, aposentados, estudantes, professorado, empresários do setor produtivo, intelectuais, religiosos progressistas, ou seja, todos os que querem um Brasil com inclusão social precisam reagir.
José Pereira dos Santos é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical