PUBLICADO EM 10 de dez de 2018
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Direitos humanos para quem?

Avançamos, sim, não resta dúvida, uma parte da humanidade desenvolveu-se. Uma parte da humanidade tem direito a tudo e uma parte ainda não tem direito algum. Setenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos:muitas revoluções nesse período, muita gente deu sua vida, muitos nobres advogados defenderam a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Derrotaram a escravidão do homem pelo homem, condenaram o tráfico de pessoas, proclamaram independências de nações, tentaram dividir riquezas…

Muito ainda falta pra esses direitos básicos alcançarem o conjunto da humanidade. Muita gente ainda morre de fome, sem que o direito natural à vida lhe seja respeitado; outros morrem em guerras sem que saibam o real motivo do seu sacrifício; milhões de crianças não têm direito ao futuro, pois não recebem educação; mulheres são traficadas para servirem de objeto ao desejo sexual dos homens; os bens naturais são apropriados por alguns em detrimento da maioria do planeta; o respeito às diferenças e as oportunidades de trabalho não são encontrados em qualquer lugar.

Sim, em alguns poucos países, da grande comunidade de nações representada pela Organização das Nações Unidas, esses direitos são respeitados; alguns tratados internacionais são respeitados; mas a grande maioria segue convivendo na era pós-moderna com a pré-história. A humanidade não se desenvolve linearmente, mas o abismo entre as civilizações aprofunda-se juntamente com a acumulação de riquezas por uns e a miséria dos outros.

Dividir, compartilhar, dar… são verbos em desuso ou mascarados por obrigações morais e religiosas enquanto a verdadeira solidariedade, empatia e reconhecimento de direitos jazem em ideologias consideradas estranhas, ultrapassadas e falidas. O eu tomou o lugar do nós, o meu separou-se do seu e do deles, a família apequenou-se. Da grande família humana que habita o planeta Terra, as famílias restringiram-se à mesma descendência e ao mesmo sangue.

Enquanto imperar o individualismo, imperará o egoísmo e a falsa impressão da divisão das pessoas. Podemos avançar? Sim, podemos. Basta mudarmos o ângulo da nossa forma de enxergar e transformar o mundo. Pensarmos e agirmos coletivamente, socialmente, como um todo. Avançarmos nos direitos iguais para todos e na forma de participar na distribuição das riquezas e na administração da nossa sociedade.

Estamos na terceira geração dos Direitos Humanos e esta não é a final. Construímos novos direitos e deveres com a própria evolução da humanidade. Mas o mais crucial nesse momento é que esses direitos cheguem – na forma de leis e de práticas – para todo mundo, sem exceção. Ou estaremos concordando que alguns sejam mais humanos que outros e que, por isso, tenham mais direitos.

Ruth Coelho Monteiro é Secretária Nacional de Cidadania e Direitos Humanos da Força Sindical

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  • Arquiteta Viviane Prado

    E assim continuamos trabalhando para a aceitação dos direitos humanos e do direito a vida através do reconhecimento da dignidade humana.
    Parabéns Ruth, pela energia dedicada!

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