O dilema salvar vidas ou manter a economia em funcionamento é falso, pois um adoecimento em massa é muito mais devastador que qualquer recessão econômica ou fechamento temporário de empresas. A vida, uma vez perdida, não tem volta. Já a economia se recupera, até mesmo após guerras sangrentas.
Nesse sentido, quero saudar a Câmara de Deputados e o Senado pela aprovação do projeto que destina R$ 600,00 a cada trabalhador informal. Esse valor garante comida na mesa e também mantém ativos setores importantes da economia. A tarefa agora é fazer esse dinheiro chegar aos brasileiros abrangidos pelo benefício. E isso cabe ao Presidente da República.
O governo federal também anuncia várias medidas para as pequenas e médias empresas, a setores específicos e ainda aumento de crédito, via BNDES Muito importante. Mas as providências têm que sair do papel e seus efeitos precisam ter resultado rápido junto às famílias, às empresas e ao mercado.
As entidades de trabalhadores também estão nessa batalha. Aponto duas providências importantes: 1) Os metalúrgicos do Estado firmaram Protocolo de ações conjuntas com o empresariado do setor, a fim de preservar vidas, empregos e manter a produção; 2) Sindicatos ligados à Força Sindical disponibilizam estrutura à rede pública de saúde. Entre as ofertas estão um hotel em SP e as Colônias de Férias no Litoral, que podem ampliar o número de leitos para pacientes, profissionais de saúde ou mesmo a parentes de pessoas adoecidas.
A grande imprensa, justiça seja feita, realiza um trabalho exaustivo de informar e orientar. As Prefeituras tomam providências e os governos estaduais adotam medidas efetivas. No Estado de São Paulo, estamos em quarentena. As recentes decisões do Judiciário também têm sido em defesa da saúde coletiva. O esforço é baixar a curva de contaminação, como já fizeram vários países. Sem isso, não se controla o vírus.
Mas nem tudo vai bem. E, por incrível que pareça, a maior fonte de problemas é o presidente Bolsonaro, com sua mania lunática de descumprir as recomendações médicas e da Organização Mundial de Saúde. Seu deboche ante a pandemia está sendo visto pela população como desprezo à vida.
O que fazer? Nos unir. Nós, o povo, com nossas instituições, observando sempre as recomendações médicas e o que estabelecem as leis e a própria Constituição Federal. Essa pandemia vai passar. Devemos nos esforçar pra que os danos não sejam tão devastadores. Todos podem ajudar. Ficar em casa, por enquanto, é a melhor forma de ajudar.
José Pereira dos Santos é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical