Quem está no poder deve cuidar pra não errar. Até porque o erro terá efeitos coletivos.
O governo Bolsonaro errou muito no enfrentamento da Covid-19. Seu negacionismo, suas piadas de mau gosto, seu comportamento abusivo desorientaram a população, facilitando o avanço do novo Coronavírus.
Na verdade, um governo responsável teria conseguido antecipar a produção da vacina e evitar cenas como as que assistimos em Manaus, onde pessoas morrem asfixiadas por falta de oxigênio.
Mas não houve só descuido interno. As seguidas provocações à China atrasaram a compra do componente da vacina.
O atraso na vacinação afetou a saúde pública. Mas não só. A economia e o emprego também sofrem forte impacto. Sem vacina, e, portanto, sem controle da pandemia, a economia fica dependendo de protocolos incertos. E isso desarranja o mercado. Uma das consequências: mais desemprego.
O governante tem poder pra utilizar os meios de comunicação de massa e falar à Nação. Bolsonaro fez isso só uma vez durante a pandemia e ainda falou besteira. O governo tem poder também pra requisitar apoio da rede privada de saúde. Mas nada fez.
Se a pandemia tivesse sido tratada com a gravidade merecida, se o povo tivesse sido bem informado, se os governos adotassem procedimentos científicos, a situação da saúde e da economia estaria melhor. É bem provável que o País já teria retomado o crescimento.
R$ 600,00 – Outro erro de Bolsonaro foi tentar impedir o pagamento de um Auxílio Emergencial. Quando o movimento sindical conseguiu o Auxílio junto ao Congresso Nacional, o Presidente fez de tudo pra acabar com o benefício. Com esse dinheiro o povo comprava comida e remédio. Nas cidades onde mais pessoas receberam os R$ 600,00 o desemprego foi menor.
Nas últimas semanas, o sindicalismo tem tentado convencer os candidatos à presidência da Câmara e do Senado a se comprometer com o Auxílio. Elas conseguiram da Venezuela doação de oxigênio a Manaus. As Centrais também fizeram reunião com a maior Federação de trabalhadores da China, buscando destravar o envio de insumos para a vacina.
Ensina o Livro que se conhece a árvore pelos frutos. É na hora da crise que se vê quem respeita a Nação e quem brinca com a vida.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos