Como explicar uma conjuntura como essa em que representantes do empresariado nacional, inclusive os donos dos mais poderosos meios de comunicação, estão completamente alijados do processo eleitoral e apenas pegam carona na candidatura de Bolsonaro, talvez imaginando que não estão optando por suas conhecidas e idiotas ideias, mas pelos projetos ultra liberais de Paulo Guedes, e que o deputado-capitão será apenas um marionete nas mãos do ex-banqueiro e economista?
Ou alguém representativo das nossas elites, apoiaria de sã consciência Bolsonaro a partir de sua história de vida, sua trajetória política e partidária, suas ideias transparentes, sua conhecida produção parlamentar, ou sua capacidade e experiência administrativa, caso ele estivesse no mesmo patamar de um cabo Daciolo, ou até mesmo dos candidatos ditos do “centro democrático”, de Alckmin ao Amoedo?
Bolsonaro, na realidade, só está sendo aquele cavalo que passou arriado, diante da falência múltipla de opção eleitoral competitiva de parte do grande empresariado, que agora vislumbra estar elegendo indiretamente um liberal, empresário e economista, e não um deputado desqualificado, intempestivo e demagogo.
E aí passa a residir o maior problema do Brasil caso Bolsonaro cruze a linha de chegada no segundo turno, porque o presidente eleito será ele, e não Paulo Guedes, o já recentemente repreendido autor da proposta de uma nova CPMF, que é, até hoje, além de operador do mercado financeiro, apenas o co-fundador do Banco Pactual, sem nenhum tipo de experiência na Administração Pública, em qualquer nível.
O dado novo são as múltiplas manifestações da sociedade civil – centrais sindicais, intelectuais, artistas, igrejas, torcidas organizadas etc, e as últimas pesquisas indicando que o eleitorado já começou a despertar para esse possível desastre. Seja quem for o oponente, é preciso derrotar esse desqualificado e obscurantista, que de candidato de protesto, um outro tiririca, estimulado pela situação lamentável que se encontra o país, passou a ser uma ameaça real como alternativa de poder.
O segundo turno, como sempre, é uma nova eleição, e é o momento adequado para a pactuação de um novo projeto de desenvolvimento e de justiça social. Um projeto realista, consistente, responsável, que leve em conta a imensa maioria da população, e representativo das mais amplas forças democráticas e progressistas de nosso país.
Regis Savietto Frati é consultor político e sindical
Rute Duran Martins
Adorei a análise, explicacoes melhores, impossivel!
Luiz F. Taranto
Levei…