PUBLICADO EM 27 de out de 2017
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A evolução dos Esportes Equestres e o emprego

Em que pese a crise por que passa o Brasil, observada de um ponto de vista histórico, ou ao longo do tempo, a sociedade enseja um processo de grandes e positivas transformações. E nos Esportes Equestres não é diferente. Na Vaquejada, por exemplo, atividade curativa e já secular, que surgiu nas matas cerradas do sertão nordestino – quando homens montados em seus cavalos, vestidos com gibões de couro, buscavam juntar o gado marcado – as regras são constantemente melhoradas, disciplinadas e modernizadas, cativando sempre mais o vaqueiro, para a paixão pelo esporte, o cavalo e o respeito aos animais envolvidos na modalidade.

É com esse sentimento que pais e filhos, famílias inteiras, desenvolvem a prática. Hoje considerada patrimônio cultural imaterial do Brasil (Lei 13.364/2016), a Vaquejada carrega a bandeira de uma das principais tradições da cultura nordestina e se insere em outras manifestações como artesanato, música, poesia e o aboio do vaqueiro, o canto do nordestino. O que também a tornou mola de propulsão dessas indústrias e de muitos empregos no Nordeste e em todo o país.

Essa prática esportiva movimenta atualmente cifras muito expressivas por ano e emprega diretamente cerca de 750 mil trabalhadores. No todo, são milhões de adeptos, em mais de 4 mil eventos anuais, que geram centenas de milhares de outros empregos. Em média 10 eventos são realizados por final de semana, o que proporciona um impacto econômico que passa dos R$ 800 milhões por ano, como estimou a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM).

E mesmo diante dos gravíssimos problemas econômico-financeiros do país, o mercado de cavalos o desafia, e cresce em todas as modalidades esportivas, movimentando por ano mais de 16 bilhões de Reais. Esse crescimento também tem incentivado um substancial melhoramento genético das raças. No caso do Quarto de Milha, especialmente para as linhagens dos animais de Tambor, Vaquejada, Corrida, Laço, Rédeas e Apartação. Só na Vaquejada, o crescimento médio anual registrado tem sido de 20% nos últimos anos.

As montarias, que eram formadas basicamente por cavalos nativos da região, foram sendo substituídas por animais de melhor linhagem. O chão de terra batida para treinamento e competição, deu lugar a um sem número de boas pistas, com superfície de areia, sendo muitas cobertas, verdadeiros ginásios para a prática do esporte, com limites definidos e regulamentos. Essas mudanças marcaram mais um processo de evolução do esporte, conduzido pela aplicação de regras e por maior atenção ao que hoje chamamos de bem-estar animal. Um conceito de estudiosos, que se refere a uma boa ou satisfatória qualidade de vida e envolve determinados aspectos alusivos ao animal tal como a saúde, a felicidade e a longevidade. O bem-estar animal foi disseminado e vem sendo instituído pela ABQM em seus eventos, onde são aplicadas as regras do Manual de Boas Práticas de Bem-Estar Animal, lançado pela entidade em 2013, muito elogiado pelo Ministério da Agricultura, o MAPA, e por ele também adotado.

Considerando a importância cultural, esportiva e econômica dos Esportes Equestres, que mantêm aquecida toda uma indústria, gerando cerca de 3 milhões de empregos no país, em 25 de outubro de 2016, a ABQM em conjunto com ABVAQ, associação esportiva dos vaqueiros, liderou o movimento ‘Vaquejada Legal’, que reuniu mais de 5 mil pessoas, 1.200 cavalos e 410 caminhões boiadeiros na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), buscando garantir a manutenção legal do esporte equestre, então ameaçado por decisão do STF, a segurança juridica e a força da regulamentação institucional às modalidades. As ações ganharam força no mundo político e na grande imprensa, e os protestos se espalharam por muitos lugares do país.

Em fevereiro deste ano, a PEC 50/2016, de autoria do senador baiano Otto Alencar, sócio da ABQM, foi aprovada no Senado Federal. No dia 31 de maio, com o incansável apoio do deputado federal Paulinho da Força e do seu partido, o Solidariedade, que nos levou ao governo e à direção das casas legislativas (Renan Calheiros e Rodrigo Maia) e da Forca Sindical, que se manifestou em nota pública a nosso favor, a PEC 304/2017 foi aprovada em segundo turno por 373 votos favoráveis, 50 contrários e 6 abstenções na Câmara Federal, sob a relatoria do também associado da ABQM, deputado João Fernando Coutinho, do PSB-PE. Sua promulgação pelo Congresso Nacional, como Emenda Constitucional 96, se deu em 06 de junho deste ano, acrescentando um parágrafo ao artigo 225 da Constituição Federal, que determina que as práticas desportivas e manifestações culturais com animais não são consideradas cruéis. Uma vitória histórica para o mundo do cavalo no Brasil.

Regis Savietto Frati – Assessora a presidência da Força Sindical, e também participou de sua fundaçao. Tem forte ligação com o mundo dos cavalos há muitos anos, é criador de cavalos Quarto de Milha de Trabalho em Juqutiba, SP, e membro eleito do Conselho de Administração da ABQM nos último 8 anos, foi também por dois mandatos eleito vice-presidente da entidade. Em Brasília, junto com outros associados, esta à frente dos processos de legalização e regulamentação dos Esportes Equestres, trabalhando junto aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

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