Na hora de tomar uma decisão importante, todos nós devemos avaliar não apenas o resultado direto e imediato da ação, mas também o indireto e a longo e médio prazos. Mais ainda o governo, que tem – ou deveria ter – a obrigação de zelar pelo país, pelo povo desse país. Mas não é o que acontece no Brasil. Não é o que acontece no governo de Jair Bolsonaro!
É tanta rasteira que o brasileiro leva que está difícil se reerguer. Finalmente, graças à vacina, a pandemia parece estar sobre controle no País, apesar de a quarta onda lá na Europa já acender o sinal de alerta também por aqui. Não bastasse a taxa de desemprego recorde, a inflação saindo do controle, a pobreza que só aumenta, o governo Bolsonaro se organiza para dar mais uma rasteira no trabalhador. Rasteira essa que abre caminho para trazer de volta o trabalho escravo! É isso que é a proposta da nova minirreforma trabalhista.
Está realmente difícil o Brasil engrenar e mudar o curso de empobrecimento. Atualmente, são mais de 14 milhões de pessoas desempregadas e boa parte passa fome. Somos o segundo maior exportador de alimentos do mundo, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), mas Relatório da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 23,5% da população brasileira tenha vivenciado insegurança alimentar moderada ou severa entre 2018 e 2020. De 2020 para cá, com a pandemia de coronavírus, a situação só pirou. E, infelizmente, parece que está longe desse cenário mudar.
Se a vida de todos nós brasileiros trabalhadores e trabalhadoras já estava difícil, vai ficar ainda pior com o Congresso nas mãos do centrão, alinhado ao presidente da República Jair Bolsonaro. Na verdade, não víamos possibilidade de melhora caso qualquer outro dos candidatos ao Senado e à Câmara tivessem vencido a eleição nas duas casas. A certeza é que estes próximos dois anos serão péssimos para a população. Será ruim para todos nós, inclusive para Jair Bolsonaro.
Nós brasileiros temos experiência em crises – e bota experiência nisso. Cada época é uma situação que parece ainda pior que a anterior. De vez em quando, o rumo muda e a sensação é que o País está engrenando. Mas aí desanda de novo. Porém, nada como 2020.
Não sou e não quero parecer negativista. Mas precisamos ser realistas. Do ponto de vista sanitário, a pandemia está passando. Mas, na economia, há grande risco de o pior ainda estar por vir. Daqui até o início de 2021 teremos uma combinação de quatro fatores que podem formar a tempestade perfeita.
A pandemia de coronavírus colocou o Brasil numa situação crítica na saúde e na economia. Todos nós, em maior ou menor grau, fomos afetados. Mais de três meses após o início da quarentena e com muitos municípios iniciando a flexibilização, mesmo com número de novos doentes em alta, a realidade é triste para empresas e trabalhadores. Vários negócios não sobreviveram e muitos estão combalidos e com dificuldades de retomar a operação. Boa parte dos trabalhadores teve redução de renda e outra suspensão de contrato. E tantos outros perderam o emprego. Só em Bauru, foram 4 mil.
A pandemia de coronavírus nos atingiu de maneira tão intensa, dolorosa e danosa que muitos, querendo sair dela, estão criando ilusão. Formando a falsa expectativa de que o fim da quarentena, que no Estado de São Paulo está previsto para o próximo dia 11 de maio, será também o fim dos problemas. Infelizmente, não. É um perigo para as nossas vidas e, paradoxalmente, também pode ser um risco para a economia, se não acharmos um ponto de equilíbrio na reabertura.
É sem precedente o que o coronavírus está causando no mundo e no Brasil. A epidemia avança no País, no Estado de São Paulo e na nossa cidade de forma inacreditável. Vidas estão sendo ceifadas, pessoas estão apavoradas porque apresentam os sintomas da doença Covid-19 ou com o risco de contrair o vírus. O distanciamento social, necessário neste momento, coloca muitos trabalhadores, principalmente os informais, que são cerca de 40% da força de trabalho no Brasil, na encruzilhada: se proteger ou deixar de comer.