
Temer foi indagado sobre a possibilidade de se candidatar à reeleição, caso a aprovação ao seu governo aumente no ano que vem, com a recuperação econômica. Ele não descartou a possibilidade: “Poder ser, é claro que eu poderia”, respondeu. “Não é meu desejo, as coisas vão acontecendo, não adianta ir programando isso ou aquilo, eu deixo as coisas acontecerem, mas meu objetivo é fazer um grande governo e ser reconhecido pelo povo brasileiro”, disse Temer. “O que acontecer no futuro, o futuro é que vai determinar”, concluiu.
Ele voltou a defender o modelo do semipresidencialismo, em que o Executivo governa junto com o Legislativo. Temer disse que tem discutido o tema com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral ministro Gilmar Mendes e que defende a implantação do sistema em 2022.
No início da semana, o Senado divulgou por engano o texto da emenda que estabelece o semipresidencialismo, redigido por Gilmar. Segundo Temer a vantagem é dar estabilidade às instituições, já que nesse modelo, se o governo não andar bem, cai o governo, mas não cai o chefe de Estado.
Por esse sistema, o presidente, eleito pelo povo, é o comandante do Executivo, das Forças Armadas, mas a função administrativa é transferida ao primeiro-ministro. O presidente nomeia o primeiro-ministro, que pode ser derrubado com o voto de desconfiança do parlamento.
Segundo Temer, depois de aprovar a reforma da Previdência e a simplificação tributária, ele quer discutir essa “reformulação política”.
Sobre o lançamento de um candidato de uma grande frente partidária de apoio ao governo, Temer ressaltou que o escolhido terá de defender as reformas do governo, e se eleito, dar continuidade a elas.
Uma das vantagens desse candidato, segundo Temer, será contar com 60% do tempo de propaganda na televisão. Ele disse que isso será “importantíssimo” numa campanha que não terá financiamento de empresas. “Quem tiver mais tempo de televisão vai poder explicitar melhor o seu programa”, justificou. Ele disse que o candidato terá de ser um “estadista” pronto para presidir um país com conflitos.
O presidente reafirmou que vai realizar a reforma da Previdência em fevereiro e acredita que as resistências às mudanças começam a ser superadas. Voltou a afirmar que a reforma “protege os pobres e não protege os privilegiados”, e que o governo contava com 280 votos no fim do ano, mas não podia correr o risco de votá-la agora.
Por fim, Temer disse que se revitalizou quando veio à tona a “verdade” sobre acusações dos delatores da JBS. “Todos aqueles que tentaram derrubar o governo e me desmoralizar estão desmascarados, além de desmascarados estão presos, outros estão desmoralizados”. Segundo Temer, houve uma tentativa de derrubar o presidente da República. “As denúncias atrapalharam, mas não paralisaram o país”, concluiu.
Aprovação do governo
A aprovação ao governo do presidente Michel Temer subiu para 6% em dezembro. Em setembro, esse índice foi de 3%. Os dados são da pesquisa CNI/Ibope, divulgada ontem. Contratado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Ibope ouviu duas mil pessoas em 127 municípios entre os dias 7 e 10 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
A avaliação regular foi de 19% e a ruim ou péssima, de 74%. A aprovação pessoal do presidente variou de 7% para 9% no mesmo período. Desaprovam a maneira de governar de Temer 88%, ante 89% há três meses.
A pequena variação na avaliação positiva do governo, subindo de 3% para 6% em dezembro, ainda não confirma com margem de segurança que esteja em andamento um movimento de melhora de sua popularidade.
Segundo a pesquisa, 10% dos entrevistados consideram o governo Temer melhor que a administração da ex-presidente Dilma Rousseff, ante 8% apurados em setembro. E 59% consideram o governo Temer pior que o de Dilma.
Os brasileiros mantêm alto índice de reprovação à política de combate ao desemprego e à inflação. De acordo com o levantamento, 14% aprovam a política de combate ao desemprego do governo Temer; 84% desaprovam.
Temer tem afirmado em discursos, quase diariamente, que o início da retomada econômica, conjugado com a reforma trabalhista, viabilizou a criação de cerca de 900 mil vagas de trabalho somente neste ano. No entanto, a maioria dos brasileiros ainda desaprova essa política.
De igual forma, 79% dos entrevistados desaprovam o combate à inflação, contra 17%, apesar da sistemática queda dos juros e do IPCA ser o menor desde 1998.
A reprovação à política de saúde continua elevada: 88% desaprovam as políticas para o setor, contra 11% que aprovam.
Fonte: Valor Econômico
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