PUBLICADO EM 30 de jun de 2022
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São Vicente ficará sem transporte coletivo a partir desta sexta

Greve por atraso de salários, benefícios e falta de proposta para a data-base. Na foto, assembleia de quinta-feira passada

São Vicente ficará sem transporte coletivo mais uma vez, a partir desta sexta-feira (1º), por atraso de salários, de benefícios e de proposta para o acordo coletivo de trabalho da data-base de maio.
O sindicato dos trabalhadores em transportes rodoviários de Santos e região aguarda resposta aos ofícios que enviou à prefeitura e à empresa Otrantur, que opera o serviço na cidade.
Os salários e benefícios do pessoal de manutenção e fiscalização estão atrasados desde 31 de maio. Os motoristas receberam em 10 de junho. Há também atraso do vale-refeição e da cesta-básica.
Os motoristas e demais empregados decretaram estado de greve, em assembleia na noite de quinta-feira (23), no sindicato, na esperança de ter os direitos quitados nesta semana.

Por tempo indeterminado

Na segunda-feira (27), o sindicato publicou edital de aviso da paralisação por tempo indeterminado. A assembleia decidiu que apenas o pagamento de todos os atrasados e a proposta de acordo evitará a greve.
Na sexta-feira, logo após o início da paralisação, o jurídico do sindicato pedirá audiência ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP) em processo de dissídio coletivo.
O sindicato ressaltará o descaso da prefeitura e da empresa com a situação dos trabalhadores e da população. Em nota, a diretoria diz que “a empresa finge fazer o transporte e a prefeitura finge que tem transporte”.

Trabalhar sem alimentação

“Quem paga é a população e os trabalhadores, que estão passando necessidades, alguns há dois meses sem salários e benefícios como cesta-básica e vale-refeição. Trabalham sem se alimentar”, diz a nota.
A diretoria lamenta que plano de saúde poderá ser suspenso por falta de pagamento. Isso deixará mais de 600 pessoas sem atendimento médico, onerando o sistema de saúde do município.
A nota salienta que a prefeitura subsidia a empresa com R$ 400 mil por mês, mas não fiscaliza o serviço. A empresa opera com 20 carros por dia, equivalente a 20% da frota, dando 40 folgas diárias a empregados.

Data-base sem reajuste

A diretoria reclama um acordo no TRT, de pagamento em seis vezes, de horas extras e vale-refeição nas férias. A empresa pagou em fevereiro, março e abril, mas deve as parcelas de 25 de maio e 25 de junho.
Vários oradores disseram na assembleia que a categoria não acredita mais na empresa e que, portanto, qualquer pagamento parcial não os demoverá da paralisação.
Ressaltaram que, após deflagrada a greve, ela só será suspensa se a companhia saldar todas as pendências trabalhistas e apresentar proposta de acordo coletivo com reposição de 12% nos salários e benefícios.

Inércia da prefeitura

Os trabalhadores revelaram que, na semana passada, um veículo deixou de circular por falta de óleo diesel. A espera dos passageiros nos pontos tem sido longa por causa da frota reduzida.
Os trabalhadores estão indignados, e segundo eles a população também está, pela inércia da prefeitura em fiscalizar as irregularidades operacionais da empresa.
Na primeira semana de março, também por atraso de salários e benefícios, houve greve de quatro dias e meio, interrompida após acordo na Justiça do Trabalho.

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