Ainda não se sabe ao certo no que isto vai dar, mas em relação às eleições deste ano vai ficando evidente que, diante do fracasso eleitoral prévio dos candidatos e/ou pré-candidatos ‘batizados’ pela grande mídia de ‘terceira via’, a direita econômica e política, sua idealizadora, acaba por desconstruir o jogo por ela montado, ou seja, tem forçado a desistência das várias pré-candidaturas à presidência da República e tenta reposicioná-las para apenas uma que possa tornar-se competitiva em relação a Lula e a Bolsonaro que, neste momento, ocupam o primeiro e segundo lugar, respectivamente, no âmbito da disputa eleitoral em curso. Obviamente que na ausência de nome competitivo e, tal como ocorreu em 2018, a elite de mentalidade escravista optará por Bolsonaro.
Os rearranjos apontam ainda para o lançamento de nomes vários dentro e fora do governo na disputa a cargos para a Câmara Federal e o Senado.
O objetivo parece ser a formação de uma grande bancada parlamentar no campo conservador visando dar sustentação política ao presidente da República, caso o eleito seja Bolsonaro, ou qualquer outro do campo da direita, fazendo avançar ainda mais o desmonte do Brasil, e também para fazer oposição sistemática, dificultar e até mesmo impedir de governar se o vitorioso for o ex-presidente Lula.
Ao se materializar tais articulações elaboradas à direita do espectro político teremos para o próximo mandato um parlamento ainda mais conservador (ultraliberal no aspecto econômico e reacionário nos costumes) do que este que se encerrará em 31 de dezembro.
Está bastante visível essa mobilização nos estados e uma parcela nada pequena de militares aposentados e da ativa, policiais, garimpeiros e fazendeiros destruidores do meio ambiente, pastores evangélicos, ex-jogadores de futebol, youtubers, etc., tendo suas candidaturas financiadas por inconfessáveis grupos de interesses com a infernal missão de formar essa grande bancada parlamentar, não para ajudar o país a reencontrar o caminho do desenvolvimento com justiça social, mas objetivando aprofundar o seu desmonte, transformá-lo em escombros.
A esquerda brasileira e demais forças comprometidas com o desenvolvimento nacional e a democracia precisam atentar para os fatos e marchar de forma organizada com o firme propósito de se contrapor a esse plano eleitoral macabro da direita e extrema-direita, não só para eleger Lula presidente, mas constituir maioria no Congresso Nacional.
Antônio Rogério Magri é presidente do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo e ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social.