Desde o ano passado, as entidades sindicais que representam os trabalhadores da Lactalis no Brasil estão em conflito com a multinacional francesa, que durante a negociação coletiva impôs reajuste salarial que não contemplava toda a inflação. Ainda alegou não ter condições de melhorar a proposta.
Para Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação – CNTA Afins, a informação não é verdadeira. “Considerando o crescimento exponencial da empresa, que hoje é líder mundial no setor de laticínios, esse argumento é falso”, esclarece.
Segundo o dirigente, alguns Sindicatos não conseguem assinar acordo com a Lactalis há pelo menos dois anos. Artur conta: “Desde a reforma trabalhista de 2017, a legislação permite que, quando os Sindicatos não aceitam uma proposta da empresa, ela pode nomear Comissão Negociadora diretamente com os trabalhadores, deixando de lado os representantes sindicais”.
Batalha – Dessa forma, devido à pressão que sofrem, os trabalhadores podem aprovar algo desvantajoso a eles próprios. “Estamos lutando para impedir que a Lactalis chegue a essa instância, pois aí então a luta será totalmente desigual”, afirma o presidente da CNTA Afins.
Dificuldades – Além da reforma trabalhista, a pandemia ajudou a enfraquecer a presença sindical, já que ainda é difícil realizar assembleias com todos os trabalhadores. “Soma-se a isso uma sistemática política antissindical da Lactalis, que negocia paralelamente com cada Sindicato por separado”, explica Artur. Ele completa: “É uma briga desigual, mas vamos encarar essa batalha, lutando até o fim”.