Os principais sindicatos argentinos realizaram uma marcha e um ato contra o governo de Mauricio Macri na tarde desta quarta-feira (21), no centro de Buenos Aires.
Segundo os organizadores, 200 mil pessoas participaram da mobilização. A prefeitura da capital falou em 140 mil presentes.
Entre as reivindicações estavam o fim dos debates sobre uma possível reforma trabalhista (que o governo já adiou para o segundo semestre), reclamações por conta da alta inflação (24%) e pelos seguidos aumentos causados pela retirada de subsídios —os chamados “tarifaços”; o mais recente aumentou em mais de 50% os gastos de transporte, gás e eletricidade.
Também houve menção a sindicâncias e investigações que o governo vem estimulando nos sindicatos, com alguns de seus líderes respondendo a processos.
A partir do meio-dia, com as principais vias da região cortadas e policiadas, os manifestantes caminharam empunhando cada grupo a bandeira de seu grêmio até o ponto de reunião, na avenida 9 de Julho. Havia também, embora em minoria, apoiadores que não pertenciam a sindicatos e famílias com crianças, com cartazes com dizeres contra o presidente.
A partir das 15h, começaram os discursos. Sergio Palazzo, do sindicato dos bancários, que está em greve desde a última segunda-feira (19), criticou o excessivo policiamento em torno da marcha.
“Não viemos para praticar nenhum ato de violência, violência é tirar o dinheiro dos aposentados como se fez com a reforma da Previdência”, afirmou. “Se ainda não tínhamos colocado uma data oficial para lutar contra essa gestão, essa data é hoje, e os sindicatos agirão unidos a partir de agora”, afirmou, sendo muito aplaudido.
As diferenças entre os principais grupos sindicais, a CGT (Confederação Geral do Trabalho) e a CTA (Central de Trabalhadores da Argentina), vinha sendo um obstáculo para que este ato se realizasse com todos os principais grêmios do país. A CGT e a CTA têm diferenças históricas, mas costumam se juntar para enfrentar o governo quando este não é peronista.
“Os líderes sindicais reforçaram que pela gravidade da situação dos trabalhadores, agora seria a hora de atuar de maneira unida”, segundo Pablo Micheli, da CTA.
E acrescentou: “os membros deste governo não trabalham, apenas especulam com os negócios de suas empresas”.
O presidente do mesmo grêmio, Hugo Yasky, acrescentou: “se a polícia está querendo buscar ladrões”, apontando para os policiais que vigiavam o ato, “que não busquem aqui, e sim na Casa Rosada”.
O principal orador foi o veterano Hugo Moyano, líder histórico da CGT. Moyano afirmou que o objetivo da marcha era pedir que o presidente não continue “levando adiante políticas que causam fome aos mais humildes”.
Chamou a atenção para o fato de que a pobreza vem aumentando. “Desde que assumiu Macri, temos um milhão e meio a mais de pobres na Argentina.”
RESPOSTA DO GOVERNO
Por parte do governo, quem ofereceu uma resposta foi o ministro do Trabalho, Jorge Triaca: “os sindicatos não têm argumentos que justifiquem esse ato, pois o governo tem mostrado disposição para dialogar”.
A volta para casa, para os que foram se manifestar e para os que apenas retornavam do trabalho, foi complicada. Muitas linhas de ônibus foram desviadas e operavam longe das vias centrais, razão pela qual era necessário andar várias quadras.
As estações de metrô estavam lotadas. Viam-se tanto homens de terno como mulheres que saíam dos escritórios caminhando várias quadras ao lado de sindicalistas com as bandeiras enroladas.
Fonte: Folha de S.Paulo