PUBLICADO EM 02 de dez de 2024
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Greve geral na Itália repudia cortes em políticas sociais

A greve geral foi convocada pelas duas principais centrais sindicais italianas, CGIL e UIL

Greve Geral na Itália. Foto CGIL

Greve Geral na Itália. Foto: X da CGIL

Em repúdio à proposta de orçamento para 2025 do governo da primeira-ministra fascista Giorgia Meloni, que corta os gastos com a saúde, a educação e os programas sociais, além de espremer os municípios e os servidores públicos, a Itália parou em uma greve geral, na última sexta-feira (29) por oito horas.

Servidores públicos denunciaram que os salários estão congelados há anos, enquanto a inflação teve aquele repique decorrente da alta da energia por conta das sanções contra a Rússia. Nos atos haviam trabalhadores de todas as categorias e também servidores – professores, médicos, enfermeiros, lixeiros e bombeiros.

Grande adesão

Manifestações em mais de 40 cidades italianas congregaram 500 mil pessoas. As centrais anunciaram 70% de adesão, incluindo paralisações na Aciaria Itália de Gênova, na Pirelli de Torinese, na Italcementi de Brescia, na Heineken de Taranto, na ISAB de Siracusa e na Electrolux de Pordenone. 108 voos foram cancelados pela Ita (a sucessora da Alitalia, e que deverá se fundir com a Lufthansa).

50 mil marcharam em Bolonha, com faixas e bandeiras, 30 mil em Nápoles. Em Roma, uma multidão cantou o “Bella Ciao”. Em Turim, onde foram queimados pôsteres do vice-primeiro-ministro (e antes o perseguidor-mor de imigrantes) Matteo Salvini e da primeira-ministra Meloni, a polícia reprimiu o protesto. Os trabalhadores também encheram a praça em Milão.

“A lei orçamental não responde às necessidades do país e dos cidadãos e as praças lotadas de hoje demonstraram isso. Aumentar salários e pensões, financiar cuidados de saúde, educação e serviços públicos, investir em políticas industriais são prioridades para os trabalhadores”, afirmaram as centrais,

Todos insatisfeitos, menos as indústrias de armamento e os bancos

Forças da oposição engrossaram os protestos, com a secretária-geral do Partido Democrático, Elly Schlein, defendendo no ato o direito de greve e de manifestação, diante do projeto de lei que visa coibir o repúdio ao austericídio que, entre outras arbitrariedades, penaliza o ‘bloqueio de vias’ com dois anos de prisão.

O ex-primeiro-ministro Giuseppe Comte, do Movimento Cinco Estrelas, classificou o orçamento Meloni-Salvini como uma manobra “em nome dos cortes” que deixa “todos insatisfeitos, exceto as indústrias de armamento e os bancos”.

“Há uma emergência salarial, o país vai quebrar”, advertiu o secretário-geral da CGIL, Maurizio Landini, que encabeçou a manifestação em Bolonha. “Os dividendos são recordes, mas impostos só aumentam para empregados e aposentados”.

O prefeito de Nápoles e novo presidente da associação dos municípios italianos, Gaetano Manfredi, tem alertado que a lei de orçamento irá cortar 3,2 bilhões de euros das autoridades locais (2025-2029) e mais 5 bilhões de euros (2030-2037). Sem falar dos 7,7 bilhões de euros em cortes anuais nos ministérios.

Arrocho e cortes em investimentos sociais

O orçamento Meloni-Salvini, formulado para estar enquadrado no Pacto de Estabilidade da União Europeia, traduz-se em um arrocho com sete anos de duração. Ele prevê cortes em investimentos sociais. Tudo isto foi concebido para nos prepararmos para ‘choques inesperados’, como pandemias e guerras. No ponto zero de crescimento isto significa austeridade permanente. E ainda não se fala em reduzir a dívida pública recorde da Itália. Isso também levará a consequências perigosas e sufocantes.”

Com informações de Hora do Povo

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