Nascido no Ceará, ex-presidiário, João vende água e salgadinho nas ruas da cidade de São Paulo. Mas o que ganha com as vendas não dá para pagar um aluguel para abrigar a família, por isso foi parar na ocupação do prédio. Os quatro dormem em uma barraca de camping com o que restou de seus pertences. Essa é a situação da maioria dos que estão acampados largo. Vivem de doações e com o que conseguiram carregar, fugindo do incêndio.
Mãe solteira, com cinco filhos, Kátia Gilmara também está em uma barraca no Paissandu. Juntos com ela, uma irmã com quatro filhos. Todos dividem duas barracas. Kátia vende água e bala nos semáforos. “Tem dia que tiro alguma coisa e dia que não tiro nada [na vendas]”, disse ao explicar que sua renda não permite que tenha um lugar para morar com a família. “Há 17 anos, estou em ocupações, estou nessa luta para conseguir uma moradia digna para meus filhos. Eu nunca tive condições de pagar aluguel, cuido deles sozinha”.
Ela morava havia cinco meses no edifício que desabou. Kátia informou que já estar cadastrada na fila por uma moradia. Sobre os rumos que pretende tomar com os filhos, disse: “Agora, só Deus!” e acrescenta: “Tenho que ficar aqui [acampada] lutando”.
Fim das buscas
Pela manhã, após 13 dias de buscas, o Corpo de Bombeiros terminou o trabalho de buscas nos escombros do prédio desmoronado. Ao todo, 1.700 bombeiros participaram da operação de combate ao incêndio e busca de vítimas. Quatro foram identificadas a partir de restos mortais encontrados. Outras quatro permanecem desaparecidas.
Na parte da tarde, equipes da prefeitura recolhiam o restante do entulho. Além dos 24 andares, o edifício tinha dois patamares de subsolo. Três prédios do entorno ainda estão interditados. A previsão da Defesa Civil é que, até amanhã (14), as vias da região sejam totalmente limpas e liberadas ao tráfego.
Fonte: Agência Brasil