PUBLICADO EM 03 de maio de 2023
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Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região comemora 60 anos

Diretoria do Sindicato, o presidente Josinaldo é o terceiro da esquerda para direita, no ato em defesa de democracia na Faculdade de Direito da USP em agosto de 2022.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos foi fundado no dia 30 de abril de 1963.

A primeira direção, presidida por José Mathias, foi atingida pelo golpe militar de 31 de março de 1964, sofrendo cassação e perseguição. Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, indicado interventor pelos militares, conduziu a entidade até 1965. Depois, assumiu Antônio Inácio dos Santos por meio de eleições sindicais.

A ditadura, além da repressão sobre o movimento sindical, impôs drástico arrocho salarial. Situação contra a qual, em outubro de 1967, mais de 40 Sindicatos do Estado de SP, como o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, de São Paulo e de Osasco, criaram o Movimento Intersindical Antiarrocho (MIA).

No ano de 1967 foi eleito para a presidência Vicente Gonçalves Filho.

Em 1972, assumiu a presidência Arnaldo Rodrigues Paixão, exercendo dois mandatos. No ano de 1978, em novas eleições, a categoria escolheu Edmilson Felipe Nery, que ficou três mandatos na presidência.

Entre 1978 e 1980 uma onda de greves iniciada no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, sacudiu o País, que vivia sob dura repressão.

Uma das vitórias daquelas greves se refletiu nas Convenções Coletivas. A primeira Convenção do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos foi assinada em 1º de novembro de 1978. Tinha 18 cláusulas e trazia como conquista mais importante antecipação da data-base de 17 pra 1º de novembro.

Em agosto de 1980 foi criado o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho, Diesat, para assessorar os sindicatos na luta pela melhoria das condições de trabalho e fortalecer a ação intersindical pela saúde dos trabalhadores brasileiros.

Um ano depois, em agosto de 1981, a 1ª Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras, Conclat, reafirmou o vigor do sindicalismo pós-ditadura e semeou o nascimento das Centrais Sindicais contemporâneas.

Outro grande marco deste período foi a Greve Geral de 1983 contra decretos do governo que arrochavam ainda mais os salários. Apesar da repressão, a greve de 21 de julho teve grande adesão, inclusive dos trabalhadores metalúrgicos de Guarulhos, e conseguiu derrubar os Decretos 2036 e 2045.

O retorno da democracia começava a despontar no horizonte com a Emenda Constitucional do deputado Dante de Oliveira que estabelecia eleições diretas. O clamor pela redemocratização levou multidões às ruas no ano de 1984, no movimento chamado Diretas Já!

Em 1985 os Sindicatos dos Metalúrgicos de Guarulhos, São Paulo e Osasco, em campanha salarial unificada, realizaram uma greve de dois dias conquistando a redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais. Esse avanço influenciou a pauta trabalhista da Assembleia Nacional Constituinte. Resultado: a Constituição de 1988 estabeleceu jornada de 44 horas.

A ditadura terminou em 1985, mas sem as sonhadas eleições diretas. Depois de 21 anos sob regime militar, o civil Tancredo Neves venceu as eleições indiretas. Porém, ele faleceu antes da posse e seu vice, José Sarney, assumiu.

Em 1987, Francisco Cardoso Filho, o Chicão, venceu as eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos iniciando uma histórica trajetória. Durante sua gestão, o Brasil passou pelo primeiro processo eleitoral, em 1989, que levou Fernando Collor de Mello à Presidência.

A gestão Collor foi traumática para os brasileiros. Sob intensas acusações Collor foi contestado nas ruas e renunciou para fugir do impeachment. O político perdeu o mandato e se tornou inelegível por oito anos.

Ainda na gestão de Chicão, ocorreu a fundação na Força Sindical, em 8 de março de 1991, com a participação do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos.

Chicão em Campanha salarial, 1991

Em 1994, no processo de implantação do Plano Real, a conversão para URV gerou perdas para os trabalhadores. Contra estas perdas foram realizadas greves na base da Força Sindical conhecidas como “Greves Andorinha”. O Sindicato participou deste processo grevista.

No ano 2000, o presidente da entidade, Chicão, deixou o cargo para a assumir o posto de vereador no município. Em seu lugar, assumiu o vice, José Pereira dos Santos. Ele se destacou na elaboração de projetos políticos e sociais como o Instituto Cultural e Esportivo “Meu Futuro”, fundado em outubro de 2002. Nas eleições de 2001 do Sindicato, foi o candidato natural da chapa 1, “União e Ação”, eleito com expressiva votação.

José Pereira dos Santos

A virada do milênio e os primeiros anos do século 21 foi um período de maior força no movimento sindical. Em 2000 ocorreu a primeira Marcha para Brasília, protagonizada pela Força Sindical, que pedia aumento do salário-mínimo e correção do FGTS. O Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos estava presente.

A Marcha de 2000 inaugurou uma série de Marchas das Centrais Sindicais em Brasília, que se repetiram anualmente até o ano de 2009, com uma ampla pauta de reivindicações.

Na gestão “União e Ação” a categoria teve seu patrimônio ampliado. O novo Parque Aquático, pista de skate e o ginásio poliesportivo no Clube foram realizações deste período. Assim como melhorias na Colônia de Férias, em Caraguatatuba, além de convênios que garantiram ensino de qualidade para sócios e dependentes.

Em 30 de abril de 2002, os metalúrgicos de Guarulhos ganharam uma sede nova na Rua Harry Simonsen, 202. Com sete pavimentos, é ampla e moderna, e oferece conforto e agilidade nos serviços à categoria.

A nova sede

Nas campanhas salariais também houve conquistas. Aumento real e novas cláusulas nas Convenções Coletivas ampliaram os direitos dos trabalhadores, fortalecendo a categoria.

Mesmo com a crise econômica mundial de 2008, o Sindicato se manteve firme na defesa da classe trabalhadora.

Participou da 2ª Conclat, em junho de 2010, organizada pelas centrais sindicais brasileiras como resultado de um processo de debates sobre a economia, emprego e política.

A entidade resistiu à crise entre 2016 e 2022, bem como aos desmandos da Reforma Trabalhista de 2017, que cortou direitos trabalhistas e atacou o custeio sindical.

O Sindicato também se engajou no combate à pandemia, orientando os trabalhadores e as empresas quanto às medidas de proteção, dando exemplo ao adotar todas as orientações da OMS para a contenção do vírus e realizando campanhas solidárias junto aos mais vulneráveis.

José Pereira dos Santos concluiu seu mandato em 2021.  As eleições seguintes consagraram a Chapa 1, Metalúrgicos em Ação, liderada pelo pernambucano de Vertentes, Josinaldo José de Barros (Cabeça).

No dia 24 de julho de 2021, Cabeça assumiu a presidência do Sindicato iniciando uma gestão apoiada no tripé Emprego, Renda e Direitos. A meta da nova direção é seguir na defesa dos empregos e dos trabalhadores, conquistar PLR para 100% da categoria e melhorar a assistência do Sindicato aos associados, a todos os setores.

Antes de completar dois anos de gestão (em julho de 2023), a gestão já soma vitórias para os trabalhadores como aumento real, PLR, aumento na sindicalização, melhorias no Clube de Campo e na Colônia de Férias, realização de atos políticos contra a carestia, a adoção de medidas ambientalmente sustentáveis como o uso de energia solar no Clube de Campo, entre outras ações.

A atual diretoria participou da 3ª Conclat, em abril de 2022, e do ato em defesa de democracia na Faculdade de Direito da USP em agosto de 2022.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, em seus 60 anos, honra a categoria com uma história de defesa dos trabalhadores, da democracia e do povo brasileiro.

Por Centro de Memória Sindical

Fotos: Cláudio Omena, Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

Assista o vídeo comemorativo ao sexagenário produzido pelo Sindicato:

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