A guerra antes da diplomacia. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu suspender a viagem que faria à Cúpula das Américas e à Colômbia ante a iminência de um ataque ao regime sírio. A visita a Lima (Peru), prevista para esta sexta-feira (13) e sábado (14), seria sua primeira viagem à América Latina, uma região à qual Trump tem mostrado escasso interesse e onde sua popularidade chega a mínimos históricos. “O presidente permanecerá nos Estados Unidos para supervisionar a resposta americana à Síria e controlar as repercussões pelo mundo”, explica a Casa Branca em comunicado.
A decisão de ficar em Washington é um indicador de que Trump vai optar pela resposta militar ao ataque do sábado passado a Duma. A ação, que deixou pelo menos 49 civis mortos, foi supostamente perpetrada com armas químicas pelas tropas de Bashar al-Assad. Embora Moscou e Damasco tenham negado responsabilidade, o presidente dos EUA entendeu o ataque como um desafio à linha vermelha traçada por ele há um ano, quando ante uma matança similar do regime sírio, lançou 59 mísseis Tomahawk à base aérea de Shayrat, na cidade de Homs.
Aquela intervenção foi unilateral e de surpresa. Agora, Trump buscou uma fórmula mais complexa. O primeiro passo foi preparar terreno com sucessivas declarações. No domingo, acusou Assad pela matança, responsabilizou Putin por apoiá-la e assegurou que a Síria pagaria “alto preço”. Na segunda-feira, deu um passo a mais e afirmou: “Isto é algo que afeta a humanidade e não podemos consentir”. Hoje, suspendeu sua viagem a Lima.
Junto à esta escalada, Trump, um devoto da cenografia bélica, pôs prazo à sua decisão, de 24 a 48 horas. Com o relógio em contagem regressiva, convocou o Conselho de Segurança da ONU e coletou o apoio de seus sócios. Tanto a França como o Reino Unido deram respaldo à Casa Branca.
Só a possibilidade de que Rússia e Síria aprovem uma comissão de investigação independente poderia frear a sacudida. Mas nem esse recurso parece suficiente a esta altura. O gesto de Trump, abrindo mão de sua participação na Cúpula, indica que a decisão está tomada e que o golpe será mais contundente que no ano passado.
Fonte: El País Brasil