PUBLICADO EM 17 de fev de 2018
COMPARTILHAR COM:

Departamento de Comércio dos EUA propõe tarifa ao aço brasileiro

Em matéria publicada pela Folha de São Paulo mostra que um relatório do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, divulgado nesta sexta (16), propôs a imposição de tarifas às importações americanas de aço e alumínio, com o objetivo de ampliar a produção local.

Entre os países que podem ser mais afetados está o Brasil, já que os Estados Unidos são o principal destino das exportações da indústria brasileira. No ano passado, a receita gerada com vendas ao país somaram US$ 2,63 bilhões (R$ 8,47 bilhões, na cotação atual).

O relatório destaca que os Estados Unidos é o maior importador de aço do mundo e propõe três alternativas para solucionar a questão.

A primeira é uma taxa global de ao menos 24% a todas as importações.

A segunda seria uma tarifa de ao menos 53% ao aço importado de 12 países: Brasil, China, Costa Rica, Índia, Malásia, Coreia, Rússia, África do Sul, Tailândia, Turquia e Vietnã.

Além disso, há uma possibilidade de criar uma cota a todos os produtos de aço de todos os países equivalente a 63% das importações dos Estados Unidos em 2017.

A meta é que a atual capacidade ociosa no país caia dos atuais 27% para cerca de 20% –uma taxa mínima necessária para que a indústria seja viável em um longo prazo.

O departamento colocou o problema como uma questão de segurança nacional.

Em relação ao alumínio, a proposta é impor uma tarifa de 7,7% a todas as importações ou aplicar uma taxa de 23.6% aos produtos vindos da China, de Hong Kong, da Rússia, da Venezuela e do Vietnã.

O relatório interno foi elaborado pelo departamento de comércio e ainda não representa uma decisão final, que ainda será dada pelo presidente Donald Trump.

Negociação

O Brasil vai mandar uma comitiva com membros da indústria siderúrgica nacional a Washington, para negociar com membros da Casa Branca e parlamentares a exclusão do país de possíveis medidas restritivas, afirmou o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

A missão será realizada entre os dias 26 e 28 de fevereiro, e deverá ter a presença do ministro do Mdic (Indústria e Comércio Exterior), Marcos Jorge de Lima, e de executivos de empresas como a Usiminas e da Vallourec, disse ele.

“Queremos mostrar que o Brasil não é parte do problema. 80% das exportações brasileiras são de produtos semiacabados, que são reprocessadas pelas siderúrgicas americanas. Se [os EUA] adotarem alguma medida, o Brasil tem que estar fora”, afirmou Lopes.

Em 2017, as exportações brasileiras ao país somaram cerca de 5 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos (32,7% do total), dos quais 4,1 milhões de toneladas foram de itens semiacabados.

O presidente da entidade, que representa a indústria brasileira, destacou que, assim como há grupos favoráveis a maiores restrições, existem pressões contrárias à medida, com receio de que o bloqueio leve a um aumento do preço interno do produto.

A comitiva que viajará no fim deste mês aos Estados Unidos também deverá pedir auxílio à indústria americana de carvão nas negociações, afirma Lopes.

O Brasil é um dos maiores importadores de carvão dos Estados Unidos. “Tem uma troca. Vamos falar [a eles] que têm que nos ajudar.”

O secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna reagiu via Twitter: “Livre comercio é balela. Sobretaxar o aço brasileiro, como quer Trump, é um exemplo de que precisamos de pressão e soluções negociadas para garantir o emprego. E o movimento sindical e setor empresarial já se posicionaram quanto a isso perante o governo no Brasil”.

Com Folha de São Paulo

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

QUENTINHAS