O sindicato United Auto Workers (UAW), que comanda a greve dos trabalhadores do setor automotivo nos Estados Unidos, escreveu uma carta em solidariedade aos cerca de 1.100 funcionários que foram demitidos das fábricas da GM (General Motors) no Brasil.
No texto assinado por Shawn Fain, presidente da UAW, a entidade se diz indignada com as demissões em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes.
O Sindicato afirma que estão familiarizados com o costume da GM de “não honrar acordos e infringir leis trabalhistas”.
A GM é uma das empresas contra as quais protestam os grevistas dos Estados Unidos. O UAW fechou acordos provisórios com Ford, Stellantis e a própria GM, com a qual as negociações mais se arrastaram.
A carta da UAW foi endereçada a Miguel Torres, presidente da Força Sindical, Luis Carlos Prates, secretário-geral da CSP-Conlutas, e outros dirigentes sindicais do Brasil.
https://x.com/UAW/status/1719357931362152749?s=20
No Brasil, as demissões ocorreram no fim de semana, por telegrama e por email, como mostrou reportagem da Folha, e durante acordo de layoff com garantia de estabilidade assinado pela montadora, em junho.
As três unidades da GM estão totalmente paradas, por tempo indeterminado, por causa da greve iniciada em 23 de outubro.
Ao todo, a paralisação unificada reúne cerca de 10 mil profissionais, que reivindicam o cancelamento da demissão em massa pela montadora.
Em comunicado, a General Motors afirmou que a queda nas vendas e nas exportações a levaram a adequar seu quadro de empregados nas fábricas citadas.
Leia a seguir a carta traduzida:
Saudações fraternas,
Em nome dos um milhão de membros ativos e aposentados do Sindicato Internacional dos Trabalhadores Automobilísticos, Aeroespaciais e de Implementos Agrícolas dos Estados Unidos (UAW), escrevo para expressar nossa indignação diante do anúncio da General Motors de demissões em massa no Brasil.
A ação da GM afeta a segurança no emprego dos trabalhadores nas fábricas da GM em São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes e viola o acordo de proteção ao emprego firmado com os sindicatos. Também entendemos que a GM está em desacordo com a lei que exige que as empresas negociem com os sindicatos antes de efetuar demissões em massa. O UAW conhece bem o hábito da GM de não cumprir acordos e desrespeitar leis trabalhistas. Isso é inaceitável!
Estamos solidários com suas demandas de greve pela revogação das demissões e garantia da estabilidade no emprego para todos. Além disso, apoiamos suas demandas para que o Presidente Lula emita uma medida provisória estabelecendo a estabilidade no emprego e reduzindo a jornada de trabalho diária sem redução salarial.
Estamos ao lado de vocês e de todos os corajosos trabalhadores da GM em greve no Brasil, assim como vocês estiveram ao nosso lado durante sua visita às nossas linhas de piquete algumas semanas atrás. Como a greve do UAW demonstrou, nosso maior poder está na união dos trabalhadores!
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