PUBLICADO EM 11 de out de 2021
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Informalidade: subiu de 30 mil em 2016 para 278 mil em 2021 trabalhadores da chamada na Gig economy

Aproximadamente 1,4 milhão de trabalhadores em atividade no setor de transporte de passageiros e de mercadorias no Brasil estão inseridos na chamada Gig economy, ou seja, serviços esporádicos e sem vínculo empregatício (como freelancers e autônomos), principalmente por meio de aplicativos.

O transporte de mercadorias na Gig economy, o número passou de 30 mil trabalhadores em 2016 para 278 mil no segundo trimestre de 2021, uma expansão de 979,8% no período. Além disso, a pesquisa do Ipea mostra que, em média, entre o primeiro trimestre de 2016 e o segundo de 2021, 5% das pessoas ocupadas nas atividades de transporte de passageiros e de mercadorias, por conta própria, o faziam como um trabalho secundário. O ápice dessa porcentagem foi no terceiro trimestre de 2019, antes da pandemia, quando 7,4% dos trabalhadores faziam dupla jornada com outra ocupação principal.

Segundo o dicionário Cambridge, Gig economy é uma “uma forma de trabalho de pessoas que têm empregos temporários ou fazem trabalhos separados, cada um pago separadamente, em vez de trabalhar para um empregador” (tradução nossa).

O tema foi abordado em um estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentado dia 7/10, com base em dados divulgados pelo IBGE, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Continua) e na Pnad Covid-19.

Os dados mostram que, no primeiro trimestre de 2016, o número de pessoas ocupadas no transporte de passageiros na Gig economy era de cerca de 840 mil. No primeiro trimestre de 2018, esse quantitativo atingiu 1 milhão de trabalhadores e chegou ao ápice no terceiro trimestre de 2019, com 1,3 milhão de pessoas. Por conta da pandemia de Covid-19, houve redução ao longo de 2020, mas o número logo se estabilizou nos dois primeiros trimestres de 2021 em 1,1 milhão de pessoas ocupadas em transporte de passageiros no regime de conta própria, valor 37% superior ao do início da série, em 2016.

Com a ascensão das plataformas de aplicativos para entregas de mercadorias ou transporte de passageiros e o consequente avanço tecnológico que facilita mais contratações de curto prazo, é possível perceber que a quantidade de pessoas com empregos não tradicionais (como autônomos e trabalhadores temporários) teve um crescimento exponencial nos últimos anos.

Dessa forma, a chamada “explosão dos aplicativos” de transportes permitiu o surgimento de uma Gig economy por meio de tais plataformas digitais, que contribuíram para uma transformação no mercado de trabalho pela substituição de empregos em locais e horários fixos por formas mais flexíveis, com trabalhos sob demanda e remuneração por serviços.

Segundo o site salario.com.br (dados de dezembro de 2020) as médias os rendimentos de entregadores por aplicativos, sem nenhum outro direito ou garantia, são:

A média de ganhos e de trabalho de um motoboy da Loggi numa grande cidade ficaria assim:

  • De 15 a 40 reais por entrega;
  • De 150 a 400 por dia;
  • De 2000 a 4500 reais por mês;
  • Entre 4 e 10 horas por dia de trabalho.

Ganhos de motoboys no Uber Eats:

  • De 80 (dias ruins) a 180 reais (ótimos dias) por dia dependendo da quantidade de entregas, distância, bônus e principalmente dos trabalhos em horários de pico do aplicativo como finais de semana a noite e horário do almoço durante a semana;
  • De 1200 a 2200 reais por mês;
  • De 9 a 18 reais por entrega.

Ganhos de ciclistas:

  • De 40 a 100 reais por dia dependendo dos mesmos fatores dos motoboys;
  • De 1000 a 1600 reais por mês;
  • De 7 a 12 reais por entrega (sempre fazem um trajeto menor).

Ganhos de Uber Eats com carro:

  • De 50 a 110 reais diários porque alternam entre entregas de comida e viagens de Uber convencional para transporte de passageiros. Esse valor é só para entrega de comida em uma jornada menor que motoboys e ciclistas. A maioria prefere não utilizar carro devido ao alto custo de operação.

Ganhos de motoboys na Rappi:

  • De 9 a 30 reais em média por entrega;
  • De 80 a 225 reais por dia em média;
  • De 1500 a 4000 reais por mês sendo que os que ganham altos valores trabalham principalmente nos fins de semana a noite e em centros comerciais em horários de alta demanda como almoço.

Ganhos de ciclistas na Rappi:

  • De 7 a 15 reais por entrega com bônus de produtividade;
  • De 50 a 150 reais por dia;
  • De 1100 a 2000 reais por mês com os ganhos aumentando da mesma forma que os motoboys.

Ganhos de motoboys no iFood:

  • De 8 a 15 reais por entrega;
  • De 110 a 260 reais diários;
  • De 1500 a 3000 reais mensais.

Ganhos do entregador iFood de bike:

  • De 8 a 13 reais por entrega;
  • De 80 a 150 reais diários;
  • De 1200 a 1800 reais mensais.

Fonte: IPEA, Salário

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