PUBLICADO EM 21 de jun de 2024
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Trabalhadores de Tintas Automotivas recusam nova proposta da BASF e entram em greve

Trabalhadores de Tintas Automotivas recusam nova proposta da BASF e entram em greveDiante do pouco avanço na contraproposta da BASF, os trabalhadores e trabalhadoras do setor de tintas automotivas (ECO) do site Demarchi, em SBC, decidiram pela greve, rejeitando por unanimidade a nova proposta da empresa nas três assembleias realizadas pelo Sindicato dos Químicos do ABC entre ontem (19/06) e hoje (20/06).

Ontem (19), durante a terceira rodada negociações com mediação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que durou o dia todo, a BASF apresentou uma nova proposta, alterando alguns pontos em relação à anterior, também rejeitada por unanimidade pelos trabalhadores em 12/06.

Na avaliação das assembleias, o pacote econômico apresentado está muito distante da expectativa dos trabalhadores(as) e da prática da BASF na Alemanha, e que a manutenção de apenas 60 empregos e apenas 12 meses de estabilidade são insuficientes.

“Os trabalhadores e trabalhadoras também recusaram a proposta porque a BASF, sem apresentar o Laudo Técnico ao Sindicato, criou um clima de insegurança, de falta de isonomia, quando decidiu retirar o adicional de periculosidade dos novos contratados e promovidos do ECD (Tintas Imobiliárias), desconsiderando o parecer técnico do nosso Sindicato”, pontua o secretário de administração do Sindicato, Fabio Lins, coordenador da Rede de Trabalhadores(as) da BASF América do Sul e trabalhador na BASF desde 1995.

A assembleia ainda ratificou as reivindicações apresentadas:

  • Manutenção dos empregos no setor de tintas automotivas e demais setores impactados, com a suspensão de qualquer demissão no site;
  • Manutenção do adicional de periculosidade com pagamento retroativo; e
  • fim das Práticas Antidemocráticas e de Assédio Moral.

Em relação ao pacote econômico, as assembleias aprovaram a seguinte contraproposta:

  1. Manutenção dos empregos e/ou pacote para os trabalhadores/as da ECO para as seguintes funções: operadores de Produção A,B e C; operadores de empilhadeira; técnico de laboratório; técnicos de laboratório especializados; parte dos analistas de informação; parte dos Auxiliares de Administração; parte dos coloristas; aplicadores júnior e pleno; e 02 casos específicos de centro de custo diferentes que trabalham em ECO.
  2. Suspensão de horas extras em todo o site Demarchi e garantia de não perseguição, assédio e/ou punição por parte das chefias;
  3. Estabilidade de emprego para todos os trabalhadores(as) da BASF Demarchi até junho de 2029 e um sistema de 6×3 puro (seis de trabalho e três de descanso) e não 6×3/6×1 misto de jornada de trabalho;
  4. Pacote de proteção econômico de 25 salários nominais + 8 salários por ano trabalhado + 24 meses de Convênio Médico Familiar com opção de recebimento em dinheiro.
  5. Manutenção do pagamento do Adicional de Periculosidade para o ECD (Tintas Imobiliárias).

“Como gesto de boa fé e demonstrando que estamos sempre abertos à negociação, os trabalhadores/as aceitaram reduzir a contraproposta de pacote econômico em 20% o números de salários e em 33% no tempo do Convênio Médico, como foi reivindicado na assembleia do dia 12”, explica Fabio Lins.

Leia a íntegra do resultado das assembleias e reivindicações aprovadas AQUI

Para entender a situação

A BASF e o Sindicato dos Químicos do ABC mantêm há décadas uma relação histórica respeitosa e construtiva. Durante as duas primeiras décadas dos anos 2000, o diálogo social trouxe avanços significativos nas relações e condições de trabalho.

Em agosto de 2022, a gerência local da BASF Demarchi interrompeu esse processo ao cessar unilateralmente o pagamento do adicional de periculosidade para muitos trabalhadores do site, baseando-se em um levantamento sem participação dos representantes dos trabalhadores.

A situação se agravou em fevereiro de 2024, quando a BASF anunciou o fechamento da Unidade de Tintas Automotivas, sem consultar o Sindicato, resultando na eliminação de mais de 220 postos de trabalho no Brasil e na Argentina.

Em resposta a essa situação, uma assembleia dos trabalhadores/as realizada em março deste ano aprovou uma pauta de reivindicações com aviso de greve, ainda em vigor.

Desde maio, estão sendo realizadas rodadas de Mesa Redonda com mediação do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE/Governo Federal do Brasil. A última foi realizada no dia 19 de junho.

Texto originalmente publicado no site do Sindicato dos Químicos do ABC. Leia aqui.

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