PUBLICADO EM 11 de nov de 2020
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Saída da Petrobras da Bahia ameaça a demissão de 15 mil trabalhadores

De acordo com reportagem do site A Tarde, a empresa pretende vender um conjunto de 28 campos de produção terrestre no estado. Na prática, esta venda resulta no fim das operações da Petrobras na Bahia.

Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Camaçari-BA

Mais de 15 mil trabalhadores terceirizados que prestam serviço para a Petrobras na Bahia podem ficar sem emprego. Isso acontece porque a empresa pretende vender um conjunto de 28 campos de produção terrestre no estado. Na prática, esta venda resulta no fim das operações da Petrobras na Bahia.

A estatal justifica que essa operação está alinhada à estratégia de otimização de portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia. A medida foi criticada pelo Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), principalmente por conta de dois fatores: demissão em massa e monopólio privatizado do setor.

“Abrindo o mercado para as empresas privadas, vamos ter um modelo predatório. Vendendo em blocos, como estão fazendo, vai gerar um monopólio privado. Com isso, vai ter uma redução de direitos e salários sem igual”, explica Leonardo Urpia, diretor de comunicação do Sindipetro Bahia.

O Polo que está à venda possui 1.700 poços em operação, 19 estações coletoras, 12 pontos de coleta, 2 estações de tratamento de óleo, 6 estações coletoras e compressoras, 4 estações de injeção de água, aproximadamente 980 km de gasodutos e oleodutos, além das bases administrativas de Taquipe, Santiago, Buracica, Araçás e Fazenda Bálsamo.

Foto: Arquivo FUP

Somente na Bahia, são 3 mil concursados e mais de 15 mil terceirizados. Fora toda a cadeia produtiva que é impactada, já que a Petrobras responde por cerca de 15% da produção industrial, 16% das exportações e 20% da arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na Bahia.

Para Urpia, a atual gestão da Petrobras está entregando a exploração de petróleo para a iniciativa privada. “Abrindo mão de reservas energéticas, que garantem a industrialização e a segurança do país para entregar esse grande patrimônio à iniciativa privada, que só visa o lucro, facilitando a exploração predatória. Com isso, perde o país, os estados, municípios e, principalmente, o povo baiano e brasileiro”.

Em entrevista ao colunista de A TARDE, Armando Avena, o Diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Furian Ardenghi, justificou a medida e disse que a Bahia vai se beneficiar do processo.

Ele disse ainda que a venda dos campos maduros vai permitir que médias empresas entrem no negócio petrolífero, e elas precisarão investir, aumentando a produção e gerando emprego e renda em várias etapas do processo.

Reação

Apesar da justificativa da empresa, o sindicato não descarta a possibilidade de entrar em greve contra a venda das operações da estatal, que foi classificada como ‘decisão desastrosa’. “Agora, com a retomada do processo de privatização, os trabalhadores estão se reunindo para garantir a manutenção das unidades. Estamos pensando em greve? Estamos, e pensando também em outras paralisações”, explicou Urpia.

“Nos reunimos com diversos representantes, realizamos reuniões com trabalhadores das refinarias que estão à venda. Os trabalhadores estão se reorganizando. Muito provavelmente, vamos ter um novo movimento”, disse.

Campanhas para dialogar com a sociedade civil também estão sendo planejadas pelo sindicato. “Onde há privatização, há um custo maior do produto derivado do petróleo, o gás de cozinha. A ideia é fazer uma campanha para trazer a sociedade e vai fazer mal ao bolso dos cidadãos também”, completou.

Supremo

O anúncio da Petrobras foi feito após o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar, no começo de outubro deste ano, a venda das refinarias da estatal sem aval. O planejamento, entretanto, é mais antigo: a venda de refinarias é parte do plano de desinvestimentos da Petrobras, anunciado em 2016.

À época, a empresa informou que iria focar sua atuação nas atividades de exploração de petróleo e gás em águas profundas. O debate em torno das unidades de refino envolve a negociação de valores entre R$ 63,6 bilhões a R$ 83,6 bilhões, pelas contas da XP Investimentos.

O plano de venda da estatal é uma das promessas de campanha do então candidato Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente comemorou a determinação do Supremo. “Parabenizo o STF, que, por 6 x 4, autorizou a Petrobras liberar venda de refinarias, sem o aval do Congresso”, escreveu o mandatário em suas redes sociais.

Entre janeiro de 2019 e julho de 2020, no governo Bolsonaro, a Petrobras abriu cerca de 48 processos de vendas de ativos, uma média de 2,5 por mês. No governo de Michel Temer, a média foi de 1,4 por mês, número oito vezes maior que a média de 0,4 por mês verificada na segunda gestão Dilma Rousseff.

Em todo o país, a Petrobras tem cerca de 46 mil funcionários no seu quadro de pessoal e estima-se que tenha mais de 320 mil trabalhadores que prestam serviços à petrolífera por meio da terceirização de mão-de-obra.

Além de peração na Bahia, a empresa vendeu nos últimos meses o campo de Baúna, na Bacia de Santos (SP) e 11 concessões de campos de produção terrestres, com instalações integradas, localizadas na Bacia Sergipe-Alagoas.

Fonte: A Tarde

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