PUBLICADO EM 22 de fev de 2019
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“Queremos discutir na matriz da Ford”, afirma presidente do Sindicato

Metalúrgicos do ABC seguem mobilizados contra a reforma da Previdência e contra a decisão de fechamento da Ford

Assembleia sobre a reforma da Previdência com os trabalhadores na Scania, em São Bernardo. 20.02.2019 / Foto: Adonis Guerra/SMABC

No mesmo dia em que Bolsonaro entregou a proposta de desmonte da Previdência no Congresso, os trabalhadores protestaram em atos chamados pelas centrais sindicais. Os metalúrgicos do ABC começaram a manhã de ontem mobilizados na luta.

Em assembleias na Mercedes e na Scania, em São Bernardo, os trabalhadores aprovaram a disposição de luta contra a reforma da Previdência e também a solidariedade aos companheiros na Ford.

O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, reforçou que a luta é de toda a classe trabalhadora na resistência e defesa dos mais de 4 mil empregos na Ford. Estimativa do Dieese mostra que mais 24 mil empregos na cadeia produtiva serão afetados se a decisão for concretizada, além do impacto no comércio e nos serviços da região.

“São mais de 28 mil trabalhadores diretamente afetados por uma decisão que só tem a ver com o lucro da fábrica. Respeitem as pessoas que contribuíram para que a Ford fosse durante mais de 60 anos essa poderosa empresa que é”, cobrou.

Assembleia sobre a reforma da Previdência com os trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo. 20.02.2019 Foto: Adonis Guerra/SMABC

“As empresas viram a oportunidade de fazer isso porque o ambiente político, de crise e ódio, estabelece as condições de agirem contra nós. Individualmente não vamos resolver o problema. O recado tem que ser duro para que a Ford, a direção mundial e as outras empresas entendam que se quiserem fazer o que a Ford fez, o troco será merecido”, alertou.

O diretor executivo do Sindicato e CSE na Scania, Carlos Caramelo, ressaltou que apesar do momento bom de produção na Scania, ela não é um oásis no mundo.

“A falta de uma política industrial no país fragiliza as relações de trabalho. Por isso, a importância de ficar sócio e fortalecer o Sindicato para organizar e resistir aos ataques. Se não discutirmos indústria nacional, as empresas deixarão de existir para virar shoppings. Mas quem irá consumir se não tiver emprego?”, argumentou.

Previdência

Wagnão esclareceu que não é uma reforma. “Estão chamando de ‘nova Previdência’. Significa que vão encerrar o modelo atual e vender a lógica perversa de entregar o dinheiro que sai da folha de pagamento de cada um para o sistema financeiro lucrar ainda mais na capitalização da Previdência”, afirmou.

“E se cada um vai fazer a sua poupança individual para ser a sua aposentadoria, de onde virá o dinheiro para quem ainda se aposentará pelo sistema atual? A luta é de todos nós, de quem está perto de se aposentar e de quem ainda nem pensa nisso, de homens e mulheres, de quem ganha mais ou menos”, prosseguiu o presidente do Sindicato.

O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, reforçou que é preciso debater a fundo a Seguridade Social no Brasil.

“Quem acompanha uma linha de montagem com 65 anos de idade? Não vamos cair nesse engodo. E não é apenas a Previdência, vão mexer no sistema todo, que inclui Saúde e Assistência Social. É o afastamento por acidente de trabalho, o auxílio-doença, a licença-maternidade que estão em jogo”, explicou.

O coordenador da representação dos trabalhadores na Scania, Regis Guedes, disse que uma proposta dessas precisa ser amplamente discutida na sociedade. “Querem mudar o planejamento da vida de todos. Arbitrariamente querem que esqueçamos tudo que planejamos para nossas famílias e aposentadoria e nos vender essa conta que não vamos comprar”, ressaltou.

Mercedes

O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, reforçou que a proposta é o desmonte do sistema.

“O mercado de trabalho já expulsa as pessoas com 40 anos de idade, quando já é muito difícil arrumar emprego. A proposta é uma tragédia para o país, as pessoas não vão se aposentar. É morrer trabalhando”, alertou. “É mentira que a Previdência vai quebrar. Temos que debater medidas por conta do envelhecimento da população, mas as empresas devem R$ 450 bilhões à Previdência e ninguém questiona nem executa a dívida”, continuou.

“A proposta de reforma mostra a sanha dos bancos de querer botar a mão no dinheiro dos trabalhadores. Os atos são para dizer que não vamos permitir essa tragédia na Previdência Social”, concluiu.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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