PUBLICADO EM 14 de mar de 2018
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Professores reprimidos na Câmara Municipal de SP

Foto: Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo)

Foto: Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo

Enfrentamento entre a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo, a Polícia Militar (PM) e professores da rede municipal de ensino ocorreu no início da tarde de hoje (14) na Câmara Municipal de São Paulo. Ao menos três professores ficaram feridos. Segundo o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal, a GCM e a PM utilizaram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha contra os educadores.

A assessoria de imprensa da GCM informou que a “informação inicial era de um pequeno tumulto na Câmara”. O órgão disse que irá se manifestar em nota mais tarde. A assessoria da PM disse que a ocorrência foi atendida pela GCM e que apenas colaborou.

O prefeito de São Paulo, João Doria, disse que houve uma tentativa de invasão da Cãmara Municipal por parte dos professores. Ele considerou que ocorreu excesso “das duas partes”.

“Houve uma invasão, isso tem que ficar claro, o que não justifica nenhum tipo de violência, nem da parte de quem invade, nem da parte invadida. A prefeitura, na figura do prefeito, não justifica e não ampara nenhum tipo de agressão. Mas condena a invasão”, disse em entrevista coletiva. Doria disse ainda que a atuação da GCM dentro da Câmara é instruída pela mesa diretora da Casa.

Em nota, a presidência da Câmara disse que atuou para garantir o amplo debate em relação ao PL 621, de 2016, que trata da reforma da previdência municipal. “Tanto que [a Câmara] assegurou o acesso de manifestantes ao plenário onde ocorria a reunião da CCJ e ao auditório externo até a lotação máxima dos dois espaços, para garantir a segurança de todos, inclusive dos próprios manifestantes. Eventuais excessos das forças de segurança que atuam dentro do Legislativo serão apurados”, diz a nota.

Vigília

Os professores faziam uma vigília em frente ao prédio desde o período da manhã na expectativa de participar da sessão em que se discutiria o PL 621, de 2016, do Executivo municipal, que trata da reforma da previdência municipal, conhecido como Sampaprev. Parte dos professores ingressou na Câmara, que teve a entrada fechada, logo em seguida, em razão da lotação da casa.

Alguns professores ficaram em uma área intermediária. Não conseguiram entrar no prédio, mas se abrigaram na área interna às grades que circundam a Câmara. Segundo os professores, eles receberam autorização da casa para permanecer ali.

De acordo com o professor de história da rede municipal de ensino Bruno Magalhães, a PM começou a lançar bombas do lado de fora, e a GCM passou retirar os professores da área intermediária com o uso de bombas de gás e balas de borracha.

“Eu estava do lado de dentro quando a PM começou a jogar bombas lá fora. Alguns professores correram então para dentro, e a GCM passou a agredir a gente para que saíssemos. Primeiro tomei um tiro de bala de borracha no pescoço, e depois um na cabeça”, disse o professor. Ele recebeu sete pontos na cabeça e estava sendo atendido na Assistência Médica Ambulatorial (AMA) da Sé.

Dentro do prédio uma professora também foi agredida e estava sangrando, mas a assessoria da Câmara ainda não tinha informações sobre seu estado de saúde. Muitos professores que estavam na área externa passaram mal em razão do gás lacrimogênio.

A Força Sindical  e a CTB lançaram  nota repudiando agressão aos professores.

Confira:

Nota de repúdio da Força Sindical  à repressão aos professores municipais de SP

A Força Sindical repudia e condena a atitude da PM e GCM que, nesta quarta (14), reprimiu com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha uma manifestação pacífica dos professores na Câmara Municipal de São Paulo.

Reiteramos total solidariedade aos professores, cuja luta é justa e visa resguardar direitos e interesses legítimos conquistados ao longo de muitas batalhas.

A criminalização da luta dos trabalhadores é inaceitável e descende da ultrapassada concepção de que movimento social é “coisa de polícia”.

Uma concepção que deve ser rechassada por todos que acreditam na democracia e buscam a solução dos conflitos com diálogo e respeito.

São Paulo, 14 de março de 2018

João Carlos Goncalves, Juruna 

Secretário Geral da Força Sindical.

 

Nota da CTB em solidariedade aos docentes de SP

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) repudia e condena com toda energia a feroz repressão da PM contra manifestação pacífica dos professores diante da Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta (14). Reitera, ao mesmo tempo, sua total e ativa solidariedade aos professores e professoras – tratados pela polícia tucana com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha -, cuja luta é justa e visa resguardar direitos e interesses legítimos conquistados ao longo de muitas batalhas.

O projeto reacionário do tucano João Doria significa um confisco salarial inaceitável e é mais do que compreensível que seja rechaçado pela categoria, cuja resposta é uma greve massiva. Inaceitável também é a criminalização da luta dos trabalhadores, filha da ultrapassada concepção de que movimento social é “coisa de polícia”.

Episódios como este que ocorreu hoje na capital paulista, que infelizmente estão se tornando comum no Brasil pós-golpe, revelam o caráter reacionário dos governos tucanos liderados pela dupla Alkmin e Doria, que agem como inimigos da classe trabalhadora.

São Paulo, 14 de março de 2018

Adílson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) 

 

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