“O projeto do presidente golpista Michel Temer já não levava em conta a realidade do mercado de trabalho e muito menos ainda as espeficidades das mulheres”, diz Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB.
“Essa nova proposta que se anuncia consegue ser ainda pior”, complementa. Ela se refere à imposição da idade mínima de 65 anos tanto para homens e mulheres para obter aposentadoria integral, o que acarreta aumento no tempo de contribuição em cerca de 40 anos, em vez de 35 para homens e 30 para as mulheres, como é atualmente.
E para piorar, Bolsonaro não disse ainda se vai manter a proposta de corte da pensão por morte, prejudicando milhares de mulheres que formam a maioria que recebe esse tipo de pensão. “O prejuízo para as mulheres é gigantesco e a proposta é desumana, deixando milhares sem ter como prover a família”.
De acordo com Celina, as mulheres são mais afetadas porque trabalham mais e por mais tempo. “Nós trabalhamos fora e a maioria de nós é obrigada a se desdobrar para dar conta das tarefas domésticas e dos filhos, já que poucos homens dividem essas obrigações”.
Por isso, “as mulheres se veem obrigadas a aceitar trabalhos mais precários com rendimentos e até jornadas menores. Essa proposta de previdência privada que se coloca joga nas costas da classe trabalhadora todo o peso dos custos da própria aposentadoria, com propostas até de cobrar dos inativos”, reforça.
O IBGE comprova também que apesar de trabalharem mais e estudarem mais, as mulheres ganham em média 23,5% a menos que os homens, exercendo a mesma função. A sindicalista mineira afirma ainda que as mulheres são as primeiras a serem demitidas e as últimas a se recolocarem no mercado de trabalho.
“A reforma da previdência como planeja Bolsonaro será uma catástrofe para quem vive de salário porque ao desvincular do salário mínimo do reajuste da aposentadoria vai nos jogar ao sabor do mercado. E o mercado não se importa com a vida das pessoas”, acentua Celina.
Barbara Cobo, coordenadora do IBGE, afirma que 28,2% das mulheres trabalham em período parcial de até 30 horas semanas, enquanto entre os homens o índice é de 14,1%. Mas “mesmo com trabalhos em tempo parcial, a mulher ainda trabalha mais. Combinando-se as horas de trabalhos remunerados com as de cuidados e afazeres, a mulher trabalha, em média, 54,4 horas por semana, contra 51,4 dos homens”.
No caso das mulheres, diz ela, “além da enorme informalização do mercado de trabalho, jogando nas ruas um número cada vez maior de mulheres, o futuro governo ignora a realidade das trabalhadoras rurais e do machismo do nosso mercado de trabalho”, conclui.
Fonte: Portal CTB