A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (12) uma grande operação contra alvos bolsonaristas por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Os agentes da PF têm de cumprir entre 80 e 100 mandados de busca e apreensão contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que promoveram ou participaram ativamente de manifestações antidemocráticas por meio do bloqueio de rodovias. A ordem foi executada nos estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, além do Distrito Federal.
Os participantes/financiadores desses bloqueios, que começaram no dia seguinte à vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, também são alvos da operação. Eles têm vínculos aparentemente claros com os acampados em frente a quartéis, que pedem interferência das Forças Armadas para impedir a posse de Lula desde o resultado da eleição.
Só em Santa Catarina foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão. Segundo o G1, alguns dos bolsonaristas foram apontados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) como terroristas. Em atos violentos, atingiram policiais com golpes de barras de ferro em um bloqueio bolsonarista. O caso é investigado como tentativa de homicídio.
Os caminhões que participaram dos bloqueios estão indisponíveis e não podem circular. Seus documentos estão bloqueados. Os proprietários dos caminhões identificados no Mato Grosso envolvidos em atos foram multados em R$ 100 mil. No mês passado, Moraes determinou o bloqueio de contas bancárias de mais de 40 pessoas e empresas suspeitas que contestam o resultado das eleições.
“Rei da soja” financia bolsonaristas na mira de Alexandre de Moraes
Segundo o g1, o Ministério Público do Acre identificou dois financiadores dos atos antidemocráticos que acontecem na capital Rio Branco. São os agropecuaristas Jorge José de Moura, conhecido como Rei da Soja, e Henrique Luís Cardoso Neto, dois dos maiores do setor no estado.
Os indiciados poderão ser enquadrados na Lei Antiterrorismo, que, ironicamente, o próprio Jair Bolsonaro tentou tornar mais dura para perseguir movimentos sociais de esquerda. No entanto, o caso que de fato se identificou com terrorismo foi perpetrado pelo próprio bolsonarismo, em Brasília, na segunda-feira (12), quando terroristas bolsonarisas atearam fogo em Brasília.
“Ainda falta muita gente pra prender”
Ontem, no 4º seminário STF em Ação, promovido pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja), realizado em parceria com a faculdade de Direito da USP, Alexandre de Moraes afirmou que “ainda falta muita gente pra prender”. Ele deu a declaração após fala do também ministro Dias Toffoli, sobre prisões nos Estados Unidos depois do ataque ao Capitólio, em 2021.
“Quem imaginava que ia ter uma invasão no Capitólio?”, questionou Toffoli. “Lá, 964 pessoas já foram detidas, nos 50 estados, acusados de crimes cometidos desde 6 de janeiro”, continuou. “Fiquei feliz com a fala do ministro Toffoli, porque comparando os números ainda tem muita gente pra prender e muita multa para aplicar”, emendou Moraes.