PUBLICADO EM 13 de jul de 2018
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O “Rubber Soul” de Roberto Carlos

O disco de Roberto Carlos de 1966 – com capa preta a la Meet The Beatles de um homem só – quase nunca é lembrado entre os mais importantes de sua carreira. Os números “1” estão sempre a partir de 1967 e até 1972, com destaque para O Inimitável – um dos mais citados. Alguns também preferem o disco Jovem Guarda, talvez o mais importante da primeira fase.

Por Fernando Rosa

Este disco, lançado em 1966, na verdade, é uma espécie de “Rubber Soul” do Rei, também um divisor de águas em sua carreira. Nele, RC deixa para trás a linguagem do rock mais quadrado, o “beat” – influência dos anos cinquenta, e aposta em arranjos mais ousados. Músicas como Eu Te Darei o Céu, Nossa Canção e Eu Estou Apaixonado por Você apresentaram um novo Roberto Carlos à juventude brasileira naquela metade de década.

Apoiado na melhor banda que teve – Lafayette nos teclados, Renato Barros na guitarra, Paulo Cesar Barros no baixo e Toni na bateria, Roberto produz seu disco mais rico musicalmente, antes dos setenta. Trata-se de um disco praticamente acústico – até mesmo os temas roqueiros como Negro Gato, O Gênio e É Papo Firme soam mais garageiros e menos “jovem guarda”.

Os timbres do disco, mais refinados, refletiam aquele momento do rock que adentrava ao “mundo adulto” da música, com obras mais elaboradas. O disco também destacava definitivamente o órgão de Lafayette, que significou para a sonoridade de Roberto Carlos o que Al Kooper foi para Bob Dylan, em sua transição do folk para a música elétrica.

Fernando Rosa é jornalista, produtor cultural, editor do portal Senhor F e colaborador do site Rádio Peão Brasil.

O disco para ouvir:

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