Leia aqui a tradução do texto:
O que nós devemos aos refugiados
Por: Angelina Jolie, 19 de junho de 2019
Quem vem à mente quando você imagina um refugiado? Você provavelmente não imagina um europeu. Mas se você fosse uma criança da Segunda Guerra Mundial e perguntasse a seus pais o que era um refugiado, eles provavelmente descreveriam alguém da Europa.
Mais de 40 milhões de Europeus foram deslocados por causa da guerra. A Agência da ONU para Refugiados foi criada por causa deles. Nós esquecemos isso. Alguns dos líderes proferindo a mais severa retórica contra os refugiados hoje, traçam suas rotas de volta para países que passaram por trágicas experiências de refugiados e foram ajudados pela comunidade internacional.
Ao primeiro sinal de conflito armado ou perseguição, a resposta natural humana é tentar tirar suas crianças fora do caminho do dano. Ameaçados por bombas, estupros em massa ou esquadrões de assassinatos, as pessoas juntam o pouco que podem carregar e procuram segurança. Refugiados são pessoas que escolheram deixar um conflito. Eles puxam a si mesmos e suas famílias através da guerra, e frequentemente ajudam a reconstruir seus países. Essas pessoas tem qualidades a serem admiradas.
Porque então a palavra refugiado adquiriu uma conotação tão negativa nos nossos tempos? Porque os políticos estão sendo eleitos com promessas de fechar as fronteiras e fazer os refugiados voltarem para trás?
Hoje a distinção entre refugiados e migrantes foi obscurecida e politizada. Refugiados foram forçados a fugir de seus países por causa de perseguição, guerra ou violência. Migrantes escolheram se mudar, principalmente para melhorar suas vidas. Alguns líderes deliberadamente usam os termos refugiado e migrante de forma intercambiável, usando retórica hostil que chicoteia medo contra todos os forasteiros.
Todos merecem dignidade e tratamento justo, mas nós precisamos ser claros sobre a distinção. Sob a lei internacional, não é uma opção assistir os refugiados, é uma obrigação. É perfeitamente possível assegurar forte controle de fronteira e políticas de imigração justas e humanas, enquanto cumprindo nossa responsabilidade em ajudar refugiados. Mais da metade de todo os refugiados no mundo todo são crianças, e 4 ou 5 deles vivem em um país que limita o conflito ou crise que eles fugiram. Menos de 1% dos refugiados são reassentados permanentemente, incluindo as nações ocidentais.
Generosidade americana significa que nosso país é o maior doador de ajuda do mundo. Mas considere o Líbano, onde cada sexta pessoa é um refugiado. Ou Uganda, onde um terço da população vive em pobreza extrema, dividindo seus escassos recursos com mais de um milhão de refugiados. Através do mundo, muitos países que têm menos estão fazendo o mais.
Quando eu comecei a trabalhar com a Agência da ONU para Refugiados, ou o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (UNHCR), 18 anos atrás, havia cerca de 40 milhões de pessoas deslocadas forçosamente e esperança que o número podia estar caindo. De acordo com o último relatório de tendências globais do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, o número de pessoas deslocadas forçosamente hoje está em mais de 70 milhões, e rapidamente subindo. De Myanmar ao Sudão do Sul, nós estamos falhando em ajudar em resolver conflitos de um modo que permitam as pessoas voltarem para casa. E nós esperamos que a ONU de uma forma lide com o caos humano resultante.
Na primeira sessão da Assembleia Geral da ONU, em 1946, o Presidente Truman colocou sobre os estados membros a principal responsabilidade de criar paz e segurança. Ele disse que a ONU “não pode cumprir adequadamente suas próprias responsabilidades até que… acordos de paz sejam feitos e a não ser que esses acordos formem uma base sólida sobre a qual construir uma paz permanente”.
Mas a triste verdade é que os estados membros aplicam as ferramentas e normas da ONU seletivamente. Os estados frequentemente colocam negócios e interesses comerciais à frente das vidas das pessoas inocentes afetadas pelo conflito. Nós ficamos cansados ou desiludidos, e retiramos nossos esforços diplomáticos dos países antes de que eles se estabilizem. Nós procuramos acordos de paz, como no Afeganistão, que não têm direitos humanos em seu núcleo. Mal reconhecemos o impacto das mudanças climáticas como fator principal em conflitos e deslocamentos.
Usamos ajuda como um substituto para diplomacia. Mas você não pode solucionar uma guerra com ajuda humanitária. Particularmente quando poucos apelos humanitários em qualquer parte do mundo são até 50% financiados. A ONU recebeu apenas 21% dos fundos de 2019 necessários para os esforços de socorro na Síria. Na Líbia a figura é 15%.
A taxa de deslocamento no último ano foi equivalente a 37.000 pessoas sendo forçadas a sair de suas casas a cada dia. Imagine tentar organizar uma resposta para esse nível de desespero sem os fundos necessários para ajudar mesmo metade dessas pessoas.
Como nós marcamos o dia 20 de junho como o Dia Mundial do Refugiado, é uma ilusão pensar que qualquer país pode se retirar atrás de suas fronteiras e simplesmente esperar que o problema desapareça. Nós precisamos de liderança e diplomacia efetiva. Nós precisamos focar em paz a longo prazo, baseada em justiça, direitos e prestação de contas, para habilitar os refugiados para voltarem para casa.
Essa não é uma abordagem suave. É o curso de ação mais difícil, mas é o único que vai fazer a diferença. A distância entre nós e os refugiados do passado é menor do que nós pensamos.
Tradução: Luciana Cristina Ruy
Fonte: time.com
rita de cassia vianna gava
Nossa o que está acontecendo
Não olhar para isso
Eles são expulsasse sua terra para salvar suas vidas
Mas a ordem hoje é ignorar as massas como se fossem sobra então joga se no lixo