O embate violento que opõe Israel e Palestina não é uma disputa entre iguais. Os palestinos, que se organizam na precariedade, são vítimas da brutalidade do exército israelense, que comete crimes de violência há 73 anos. A análise é do secretário-geral do Instituto da Cultura Árabe, Mohamed Habib, professor titular da Unicamp.
Neste final de semana, diversos países tiveram manifestações contra a escalada militar de Israel, a maior desde 2014, quando mais de 2,2 mil palestinos, foram mortos na Faixa de Gaza. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 550 crianças foram assassinadas na ocasião.
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O especialista diz que as tentativas de mediação internacional com Israel, especialmente por meio das Nações Unidas, Egito e Qatar, fracassaram. “Israel nunca respeitou as mais de 200 deliberações da ONU. Os países árabes, inclusive a Palestina, reconhecem a existência de Israel, enviando representações diplomáticas e com acordos de paz, porém, o governo israelense nunca aceitou uma determinação da ONU e usa apenas a lógica do mais forte”, criticou à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.
Brutalidade de Israel na Palestina
O governo de Israel utiliza as chamadas forças de defesa para comandar as represálias, com lançamento de mísseis à Faixa de Gaza. Os israelenses possuem batalhões de infantaria e carros de combate nas áreas de fronteira. Do outro lado, palestinos, que se organizam por meio de grupos armados do Hamas, não possuem aparato militar e a maioria de seus foguetes são caseiros.
“Israel é uma grande escola de violência, com um exército brutal feito para matar civis. Os palestinos não tem exército ou aparato militar, mas continuam sendo vítimas de atitudes selvagens. É preciso dizer ‘chega’, porque não são duas forças iguais, não são dois exércitos em disputa”, explicou Mohamed.
Desde que Israel retomou os conflitos, nas últimas semanas, 140 palestinos foram mortos, incluindo 39 crianças, segundo o Ministério da Saúde da região. Já do lado israelense, foram oito óbitos registrados. Habib acrescenta que as informações que chegam ao mundo de uma forma geral são de interesse do agressor, não da vítima. “A grande mídia falava sobre os atos de violência vindo da Palestina. Porém, todos sabem da verdadeira história por causa das redes sociais.”
‘O mundo está cansado’
“O mundo está cansado da postura arrogante do Estado de Israel. Boa parte do povo israelense não aguenta mais essa posição fascista. A nossa esperança é ter uma mudança de postura com Joe Biden. Países do Golfo já estabeleceram acordos diplomáticos, mas Israel segue matando a sociedade civil palestina e o mundo está em silêncio. A ONU está à mercê desse jogo politico dos mais poderosos, deixando os mais fracos em último lugar”, lamentou o professor.
Ainda durante o último final de semana, diversos jogadores de futebol se manifestaram pelo mundo em defesa da Palestina. Sadio Mané, atacante senegalês do clube inglês Liverpool, publicou a hashtag Free Palestine (Palestina Livre). Campeão mundial pela seleção francesa em 2018, o volante Paul Pogba, do clube inglês Manchester United, usou a hashtag “Pray for Palestine” (Reze pela Palestina).
Fonte: Rede Brasil Atual