
Mulheres vivem mais que homens no Brasil, mas enfrentam desigualdades de saúde. Foto: Pxhere
As mulheres brasileiras continuam vivendo mais que os homens — mas essa maior longevidade vem acompanhada de piores condições de saúde. É o que diz um estudo feito pelo médico Egídio Lima Dórea, coordenador do programa USP 60+, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP), divulgado pelo Jornal da USP. O fenômeno, conhecido como “feminização do envelhecimento”, revela desigualdades que se acumulam ao longo da vida e que se intensificam na velhice.
Longevidade feminina e vulnerabilidade na velhice
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida das mulheres no Brasil é de 79,7 anos, contra 73,1 anos entre os homens. Elas representam cerca de 56% da população com mais de 60 anos, o que significa que o envelhecimento no país é, predominantemente, feminino.
Entretanto, essa maior longevidade não se traduz em melhor qualidade de vida. Dórea explica que, apesar de viverem mais, as mulheres enfrentam mais doenças crônicas, maior prevalência de depressão e limitações funcionais que comprometem a autonomia.
“Apesar de viverem mais, as mulheres frequentemente envelhecem com pior saúde. Dados da OMS mostram que elas passam, em média, mais anos com incapacidades do que os homens”, afirmou o médico ao Jornal da USP.
No Brasil, o envelhecimento feminino tende a ser mais vulnerável, marcado por condições como osteoporose, doenças cardiovasculares e dificuldades de mobilidade.
Desigualdades acumuladas ao longo da vida
As causas dessa desigualdade combinam aspectos biológicos e fatores sociais que se acumulam durante toda a trajetória das mulheres. A menopausa, por exemplo, aumenta o risco de doenças ósseas e cardíacas. Mas a sobrecarga com o cuidado familiar, a desigualdade salarial e a precarização do trabalho também pesam fortemente sobre a saúde e a segurança financeira na velhice.
De acordo com o IBGE, os homens ganham, em média, 30% a mais que as mulheres. Essa diferença impacta diretamente a aposentadoria e a autonomia econômica das idosas, que muitas vezes se aposentam com rendas menores ou interrompem suas carreiras para cuidar de familiares.
“As mulheres enfrentam desigualdade salarial e sobrecarga com o cuidado familiar, o que afeta a saúde e a segurança financeira na velhice”, destaca Dórea.
Políticas públicas e equidade
Para o especialista, enfrentar a feminização do envelhecimento em más condições de saúde é uma questão de equidade e dignidade. Ele defende políticas públicas específicas, voltadas à prevenção e ao cuidado integral das mulheres idosas.
“Programas de saúde preventiva, como rastreamento de osteoporose e apoio à saúde mental, seriam de grande contribuição. Aposentadorias mais justas e redes de apoio para idosas também são cruciais”, afirmou.
Dórea reforça que o envelhecimento populacional é um chamado à ação. “Com políticas públicas adequadas, podemos garantir que as mulheres vivam mais e melhor.”
Com informações de: Jornal da USP – reportagem “Mulheres vivem mais, mas com piores condições de saúde”.
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