A luta em defesa dos direitos foi reafirmada na assembleia geral da Campanha Salarial, neste sábado (26), com aprovação de aviso de greve. As propostas de cinco grupos patronais foram rejeitadas pelos metalúrgicos de 21 fábricas que estavam presentes e que decidiram continuar lutando pela renovação das convenções coletivas.
Na assembleia, os trabalhadores rejeitaram as propostas dos setores aeronáutico, de autopeças, eletroeletrônicos, trefilação e laminação de metais não ferrosos e máquinas.
Todos esses grupos patronais continuam insistindo no fim da cláusula que garante estabilidade até a aposentadoria para trabalhadores que se acidentarem ou adquirirem doença em razão das tarefas desempenhadas na fábrica. Se essa cláusula for derrubada, centenas de metalúrgicos (antigos ou novos) poderão ser demitidos. Como são lesionados, as chances de conseguirem outro emprego serão mínimas.
Pauta econômica travada
Com as negociações das cláusulas sociais travadas, também ficam comprometidas as discussões sobre o reajuste salarial e outras pautas econômicas, como vale-alimentação.
A Embraer, por exemplo, se recusa a atender a reivindicação de R$ 800 em vale-compras para todos os trabalhadores. Sua proposta é de R$ 300 para quem recebe até R$ 7.500. Isso representa apenas 40% do total de funcionários da fábrica.
“Tivemos três meses de negociações, mas a intransigência patronal impede qualquer avanço. A rejeição das propostas absurdas apresentadas por esses setores deixa o recado: não vamos aceitar redução de direitos. A luta continua”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
Mulheres
A diretora sindical Fátima Aparecida Silva Sousa apresentou um balanço dos acordos e convenções assinados com a cláusula que prevê licença para trabalhadoras vítimas de violência doméstica. Este ano, já foram contempladas funcionárias de 16 fábricas da região. Somando-se a convenções e acordos assinados no ano passado, totalizam-se 41 fábricas.
Em 2023, a luta continua
No ponto de conjuntura nacional, Luiz Carlos Prates, o Mancha, membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, expôs os desafios do próximo período.
“O bolsonarismo foi eleitoralmente derrotado e isso foi uma grande vitória para a classe trabalhadora. Entretanto, em 2023, a luta por direitos tem de continuar. O governo Lula, que está aliado ao empresariado, não vai conseguir fazer com que o país supere a desigualdade social e a fome. No segundo turno das eleições, chamamos o voto crítico em Lula, mas não podemos depositar nenhuma confiança em seu governo. Será preciso que os trabalhadores se mobilizem para exigir a revogação das reformas trabalhista e da Previdência e de todas as medidas assinadas por Bolsonaro que representem ataques aos nossos direitos”, afirmou Mancha.
Demissão arbitrária
A demissão arbitrária do dirigente Mancha pela General Motors, ocorrida no dia 10, foi duramente criticada na assembleia. O diretor do Sindicato e membro da CSP-Conlutas regional Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, chamou os trabalhadores a se incorporarem na campanha pela anulação da demissão. Mancha trabalhou na GM por 35 anos e sempre esteve à frente das lutas em defesa dos trabalhadores. Sua demissão representa também um ataque ao movimento sindical.
Previsão orçamentária
O Sindicato também convocou os trabalhadores a participarem da assembleia de previsão orçamentária, que acontece nesta quarta-feira (30), às 17h, na sede da entidade. Serão apresentados os valores referentes a arrecadações e despesas previstas para 2023.
Confira as propostas patronais da Campanha Salarial rejeitadas:
Embraer
- Reajuste salarial de 8,83% (INPC).
- Estabilidade de 21 meses para vítima de doença ocupacional; 60 meses para acidente do trabalho.
- Vale-compra de R$ 300 para quem recebe até R$ 7.500.
Outras fábricas do setor aeronáutico
(Aernnova, Alestis, Sonaca e Latecoere*)
- Reajuste salarial de 8,83% (INPC).
- Estabilidade de 21 meses para vítimas de doença ocupacional; 60 meses para acidente do trabalho.
- Vale-alimentação de R$ 200 para quem recebe até R$ 4.700 (*exceto Latecoere, que já tem vale de R$ 580).
Eletroeletrônicos e máquinas
- No primeiro ano da convenção, estabilidade de 21 meses para vítima de doença ocupacional; 60 meses para vítima de acidente.
- No segundo ano da convenção, 48 meses para vítima de acidentes e 21 meses para vítima de doença ocupacional (não protege o período sem convenção coletiva).
- Não há proposta de reajuste salarial.
Autopeças
- Estabilidade de 48 meses para doenças ocupacionais, com lesões adquiridas a partir de 2017 (não protege o período sem convenção coletiva).
- Não há proposta de reajuste salarial.
Trefilação e laminação de metais não ferrosos
- Estabilidade de 48 meses para vítima de doença ocupacional para novos contratados. Os atuais permanecem com o direito até a aposentadoria.
- Não há proposta de reajuste salarial.
Outras votações
Além de rejeitar as propostas patronais para a Campanha Salarial, a assembleia geral aprovou os seguintes pontos:
Moção em repúdio à General Motors pela demissão arbitrária do dirigente sindical Luiz Carlos Prates, o Mancha.
Moção de repúdio à Aernnova pela prática de assédio moral coletivo aos trabalhadores.
Solidariedade e apoio à greve dos metalúrgicos da Avibras, que estão desde julho sem receber salário.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos