PUBLICADO EM 08 de jan de 2021
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IPEA aponta queda na desigualdade regional do Brasil a partir de 1970

Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira (7) apontou aumento na desigualdade intermunicipal do Brasil entre 1920 e 1970, seguida por uma queda nas últimas cinco décadas. Segundo João Carlos Ramos, pesquisador do Ipea e coordenador do estudo, o documento tem caráter inédito por permitir a análise de um longo recorte temporal. “É um desafio compatibilizar quase um século de dados desagregados no nível municipal. Foi possível enxergar a tendência de queda da desigualdade territorial a partir da década de 1970, embora as disparidades ainda sejam altas”, observa. A pesquisa sustenta que, apesar da queda das desigualdades regionais de 1970 a 2016, elas continuam expressivas a ponto de dificultar a construção de uma nação com um pacto federativo equilibrado e um desenvolvimento nacional sustentado.

Comunidade de Paraisópolis mostra desigualdade no município de São Paulo. Foto: Rovena Rosa.

O estudo estima a dispersão do PIB per capita entre os municípios brasileiros, de 1920 a 2016, e entre os estados, de 1939 a 2017, pelo cálculo do índice de Gini. Os resultados confirmam a hipótese de Williamson (1965), de que a dinâmica das desigualdades regionais descrevem uma forma de U invertido ao longo do desenvolvimento econômico nacional, com um pico da desigualdade no ano de 1970. Cálculos para cada uma das cinco macrorregiões brasileiras mostram diferenças importantes entre suas dinâmicas, e a decomposição do índice de Gini revelou grandes mudanças nas posições de riqueza entre os municípios, no período entre 1920 e 1970.

Uma das conclusões foi que a desigualdade regional brasileira se elevou com o desenvolvimento nacional de 1920 a 1970, momento em que atingiu seu ápice e passou a cair de forma expressiva até 2016. A constatação sobre a queda na desigualdade a partir da década de 1970 reforça a importância de aspectos como “o sistema educacional da nação, o transbordamento do conhecimento entre suas regiões, o nível de infraestrutura, a capilarização regional da oferta de crédito e o nível de representatividade democrática das regiões menos desenvolvidas, a ponto de fortalecer políticas regionais”.

O estudo alerta, entretanto, para o fato de que “a queda das desigualdades regionais, de 1970 a 2016, não foi suficiente para resultar em baixo nível de desigualdades regionais, pois estas continuam expressivas a ponto de dificultar a construção de uma nação com um pacto federativo equilibrado e um desenvolvimento nacional sustentado”.

Acesse aqui o estudo completo

Fonte: IPEA

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