PUBLICADO EM 04 de jun de 2024
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EUA: “Derrota” da UAW na Mercedes do Alabama não é o fim da história

O presidente da UAW, Shawn Fain, ao centro, conversa com trabalhadores da Mercedes no Alabama. O sindicato está lutando para anular a derrota na eleição, que, segundo eles, resultou de violações da lei pela empresa. Foto: Reprodução People´s World


O presidente da UAW, Shawn Fain, ao centro, conversa com trabalhadores da Mercedes no Alabama. O sindicato está lutando para anular a derrota na eleição, que, segundo eles, resultou de violações da lei pela empresa. Foto: Reprodução People´s World

Nos EUA, Trabalhadores Automotivos pediram ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB) para anular a derrota da eleição sindical na Mercedes-Benz em Vance, Alabama, e ordenar uma nova eleição. Eles alegam que a violação das leis trabalhistas pela empresa prejudicou os resultados da votação.

“Mais de 2.000 trabalhadores da Mercedes votaram sim para conquistar seu sindicato após uma campanha antissindical sem precedentes e ilegal promovida contra eles pelo empregador,” disse a UAW. A contagem final não oficial mostrou a UAW perdendo para o “não sindicato”, com 2042 votos a favor e 2645 contra (44%-56%).

O sindicato apresentou a queixa ao NLRB um dia após sua derrota no “transplante”, uma das muitas plantas de montadoras estrangeiras localizadas no Sul anti-sindical e hostil aos trabalhadores.

“Vamos realizar uma votação na Mercedes no Alabama onde a empresa não possa demitir pessoas, não possa intimidar pessoas e não possa violar a lei e seu próprio código corporativo, e deixar que os trabalhadores decidam,” declarou a UAW.

A Diretora de Comunicações do NLRB, Kayla Blado, disse à imprensa do Alabama que o escritório do conselho trabalhista em Birmingham investigará a queixa e decidirá se e quando uma audiência deverá ocorrer sobre as acusações de violação das leis trabalhistas.

Esforço para quebrar o domínio anti-sindical

A campanha de sindicalização da UAW na Mercedes faz parte de um esforço de dois anos, no valor de $40 milhões, para quebrar o domínio dos patrões sobre 150.000 trabalhadores automotivos não sindicalizados em todo o país, a maioria deles no Sul.

Esse número é aproximadamente igual ao da filiação da UAW nas três montadoras com sede em Detroit, Ford, GM e Stellantis, anteriormente FiatChrysler.

Por sua vez, a campanha da UAW para quebrar o domínio do Sul sobre os trabalhadores é a ponta de lança do objetivo mais amplo do movimento trabalhista de organizar o Sul e trazer seus trabalhadores para os sindicatos, elevando seus padrões de vida ao nível do resto do país.

Isso é importante porque o Sul é a região de crescimento mais rápido e ainda a mais opressiva dos EUA. Sua repressão aos trabalhadores, a disposição de seus políticos em colocar trabalhadores brancos contra trabalhadores de cor e sua história exploradora atraem tanto empresas norte-americanas quanto estrangeiras.

Na campanha na planta da Mercedes em Vance, a UAW destacou as grandes vitórias, sob a liderança do novo presidente ativista Shawn Fain e sua diretoria de reforma, que obteve em recentes acordos com as Três de Detroit.

Essas vitórias, incluindo a reversão de 22 anos de concessões salariais, ascensão mais rápida a empregos de nível superior, melhores pensões e abolição do odiado sistema de salários em dois níveis, contrastam com os salários mais baixos e as péssimas condições de trabalho—e a falta de proteção no emprego—na Mercedes e em outros “transplantes”.

As acusações de violação das leis trabalhistas pela Mercedes, formalmente chamadas de práticas trabalhistas injustas, incluem a disciplina ilegal de trabalhadores por discutirem a sindicalização, a proibição de materiais e parafernálias sindicais em áreas “neutras”, como quadros de avisos e refeitórios, a demissão ilegal de apoiadores sindicais e a exigência ilegal de que trabalhadores pró-sindicato façam testes de drogas.

A Mercedes também forçou ilegalmente os trabalhadores a participar de reuniões chamadas de “audiência cativa”, onde os trabalhadores, sob ameaça de disciplina—até mesmo demissão—por não comparecerem, são obrigados a ouvir discursos anti-sindicais e mentiras descaradas dos patrões, de seus contratados anti-sindicais ou de ambos.

Coagir e intimidar os trabalhadores

O “objetivo geral” da Mercedes era coagir e intimidar os trabalhadores, impedindo-os de votar livremente a favor ou contra o sindicato—o direito garantido pela Lei Nacional de Relações Trabalhistas.

A Mercedes também trouxe pesos-pesados políticos, liderados pela governadora de direita Kay Ivey, R-Ala., para condenar a sindicalização como uma ameaça aos empregos. Ivey e outros cinco governadores do Sul assinaram um manifesto semelhante contra a UAW e os sindicatos apenas dois meses antes, precedendo imediatamente a eleição de sindicalização na planta da Volkswagen em Chattanooga, Tennessee.

Não funcionou. Na terceira tentativa do sindicato em Chattanooga, a UAW venceu com uma vitória esmagadora.

O NLRB não é o único conselho trabalhista investigando a conduta da Mercedes em Vance. A Alemanha, onde a Mercedes está sediada, recentemente aprovou uma lei que estende as investigações de violação das leis trabalhistas alemãs aos fornecedores e subsidiárias de uma empresa alemã, independentemente de sua localização.

A legislação trabalhista alemã é muito mais rigorosa com os infratores do que a legislação trabalhista dos EUA, e o novo conselho alemão encarregado dessas investigações assumiu a conduta da Mercedes em Vance como sua primeira investigação de alto perfil. A UAW também apresentou uma queixa lá.

Mark Gruenberg é chefe do escritório de Washington, D.C., do People’s World.

Tradução: Luciana Cristina Ruy

Leia também:

O UAW quer sindicalizar trabalhadores da Volkswagen no Tennessee (EUA)

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