PUBLICADO EM 23 de ago de 2018
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Escalada do dólar: moeda americana ultrapassa barreira dos R$ 4,00

Dólar já é negociado acima de R$ 4,50 nas casas de câmbio. Moeda americana fechou em alta sobre o real pelo sexto dia seguido, veja quando vale a pena comprar em espécie e no cartão pré-pago.

O dólar comercial continua subindo em relação ao real e fechou nesta quarta-feira (22) a R$ 4,0529, no sexto pregão consecutivo de alta. Já o dólar turismo, vendido ao consumidor final, terminou o dia cotado a R$ 4,22.

Nas casas de câmbio, porém, a moeda chegou a ser negociada acima dos R$ 4,50, já considerando o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Em espécie, a cotação girou entre R$ 4,25 e R$ 4,29, segundo levantamento feito pelo G1.

A alíquota de IOF para a compra de dólares em espécie é de 1,1%, enquanto para os cartões pré-pagos é de 6,38%. Basicamente, é isso que justifica a diferença na cotação para os dois produtos.

Veja as cotações:

Cotação do dólar nas casas de câmbio, com IOF

Corretora Cotação em espécie Cotação no cartão pré-pago
Get Money R$ 4,29 R$ 4,47
Vip’s R$ 4,28 R$ 4,50
MultiMoney R$ 4,29 –
Safra R$ 4,28 R$ 4,48
Vision R$ 4,25 R$ 4,51
Fonte: G1

Espécie ou cartão?
Para quem não se planejou e precisa comprar dólares de última hora, financeiramente sempre será mais vantajoso pagar pela moeda em espécie, pelo fato de a alíquota do IOF para o cartão pré-pago ser mais alta (6,38% contra 1,1%), dizem especialistas ouvidos pelo G1. A exceção é para quem tem conta em banco lá fora.

“Quem tem conta no exterior pode comprar dólar comercial [que tem cotação mais baixa que a do turismo]. Mas essa opção é para casos restritos, só vale a pena para quem viaja muito, já que existem os custos de manutenção da conta”, diz o planejador financeiro Valter Police, diretor da Academia FIDUC.

Mas é preciso ter em mente que carregar apenas dinheiro em espécie envolve alguns riscos: o de perda ou roubo e também o precisar de uma quantia maior do que a disponível. No cartão pré-pago, é possível congelar o montante perdido e solicitar um novo cartão (ou sacar o dinheiro) e fazer novas recargas a qualquer momento.

Outra opção é usar o cartão de crédito, que também tem alíquota de IOF de 6,38%. “A diferença é que no cartão pré-pago a cotação é congelada já no momento da carga, enquanto no cartão de crédito vai depender da cotação na data de fechamento ou pagamento da fatura”, explica Mathias Fischer, diretor da MeuCâmbio.com.br. Assim, se o dólar subir entre a data da compra e a do pagamento da fatura, a conta pode sair mais cara no crédito (e vice-versa).

“Se a pessoa já marcou (a viagem), já está indo, não tem o que fazer. Normalmente a solução mais adequada é levar um misto dos dois, dinheiro em espécie e cartão, para diluir os riscos. Mas se ela tem tempo de se programar, o ideal é ir comprando aos poucos”, alerta Police.

Por que o dólar está subindo?
Investidores têm comprado dólares em resposta a pesquisas que mostram uma fraqueza de candidatos voltados a reformas alinhadas com o mercado. A busca pela moeda indica que o mercado prefere ativos mais seguros em momentos de incerteza, o que leva ao enfraquecimento do real.

“Quanto mais próximas estiverem as eleições, maior será a volatilidade do câmbio”, prevê o analista-chefe da Rico Investimentos, Roberto Indech, que considera que a moeda ficará ainda mais instável quando começar a propaganda eleitoral na televisão, quando se acredita que o tempo de exposição dos candidatos pode influenciar a decisão do eleitorado.

Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe da Modalmais, vê o avanço da moeda como uma resposta do mercado à percepção de que o segundo turno não terá candidatos voltados a propor reformas fiscais.

“Não dá para descartar a possibilidade de o dólar ir a R$ 4,50 e até a R$ 5 neste cenário. Tudo vai depender do que será definido para o segundo turno, aponta Bandeira.

Ele também vê a possibilidade de a moeda americana voltar para um patamar mais baixo, em torno de R$ 3,70, caso outras pesquisas mostrem chances maiores de algum candidato reformista figurar no segundo turno.

Luis Gustavo Pereira, estrategista-chefe da Guide Investimentos, trabalha com a possibilidade de um dólar entre R$ 4,25 e R$ 4,27 nas próximas semanas.

Cenário externo
A piora das tensões comerciais entre os Estados Unidos e outras potências também tem ajudado a desvalorizar o real e outras moedas emergentes, de países como Turquia e Argentina.

Outro fator que pressiona o câmbio é a elevação das taxas básicas de juros nas economias avançadas como Estados Unidos e União Europeia, o que incentiva a retirada de dólares dos países emergentes.

Depois de manter os juros num patamar baixo por muitos anos para estimular o crescimento econômico, os principais países estão fazendo o movimento contrário em meio a um aumento da inflação. O Fed, por exemplo, já aumentou a taxa de juros duas vezes este ano e deve, segundo os economistas, elevar mais duas até dezembro. Neste mês, a Inglaterra colocou os juros no patamar mais alto desde 2009.

Real é a 7ª moeda que acumula a maior desvalorização no ano
As moedas dos países emergentes estão entre as que mais se desvalorizaram neste ano, segundo ranking com 140 países feito pelo economista da Austin Rating, Alex Agostini. O real é a 7ª moeda que mais perdeu valor na comparação com o dólar em 2018 até o fechamento da véspera dos mercados.

Fonte: Portal do G1

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