Por Carolina Maria Ruy
Oito anos depois dos acontecimentos de The Dark Knight o crime se reorganiza a partir dos subterrâneos.
Após investir em um projeto de energia por fusão, o império empresarial Wayne abre falência. Pobre e fragilizado, Bruce Wayne passa por um processo de amadurecimento. Diferente do filme anterior, em que Heath Ledger, na pele de Coringa, rouba a cena com sua teatralidade, neste a interpretação de Christian Bale se sobressai. O ator também amadurece, vivenciando um herói dramático, reflexivo, que sente o pesar das dores da humanidade.
Seu oponente, Bane, é um terrorista articulado com o poder financeiro. Não por acaso, tratando-se de Estados Unidos da América. Os medos do império americano são retratados em grande estilo. O medo de uma revolução popular, medo de que o mal que seu exército dissemina pelo mundo se volte contra eles e, sobretudo, medo da decadência financeira sob o forte impacto da crise da bolsa de 2008.
A Bolsa de Valores aparece no filme como um dos principais alvos dos bandidos. O crime é manipular os dados, extraviar os ativos, tomar o poder e criar um tribunal que eles chamam de “popular”. É uma forma de anarquismo, o outro lado da moeda do liberalismo. Um anarquismo destrutivo, que não propõe saídas, que não propõe uma evolução social.
Em Batman o mundo é representado por uma combinação de sofisticada modernidade e obscuro medievalismo. É representado pela oposição entre anarquismo e liberalismo, onde o individualismo e a solidão das cidades pesam sobre os homens.
Gotham City é metáfora de metrópoles caóticas e contraditórias. Ao sair do cinema tem-se a ilusão de que aquilo não passa de fantasia. Mas olhando bem as cores e os sons da cidade, as crianças e os moradores de rua, vivendo em um estado medieval em plena era tecnológica, entende-se que os símbolos estão todos aí.
O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)
EUA, 2012
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Com Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan Freeman, Anne Hathaway, Joseph Gordon-Levitt e Tom Hardy
Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical. Do livro “O mundo do Trabalho no cinema”, publicado por Centro de Memória Sindical
Confira trailer:
Leia também:
“Batman O Cavaleiro das Trevas” chega aos 10 anos como um filme sério e profundo