PUBLICADO EM 12 de maio de 2022
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Com a arrefecimento da pandemia, setor de serviços avança 1,7% em março

Foto: Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região

O volume do setor de serviços cresceu 1,7% na passagem de fevereiro para março, acumulando ganho de 2,1% nos últimos dois meses. Com esse resultado, o setor recupera a perda de 1,8% de janeiro, alcança o maior nível desde maio de 2015 e fica 7,2% acima do patamar pré-pandemia. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e foram divulgados hoje (12) pelo IBGE.

O resultado positivo foi disseminado por todas as cinco atividades investigadas pela pesquisa, com destaque para os transportes (2,7%), que avançam pelo quinto mês consecutivo. “Dentre os setores que mais influenciaram a alta dessa atividade está o rodoviário de cargas, especialmente o vinculado ao comércio eletrônico e ao agronegócio. É a principal modalidade de transporte de carga pelas cidades brasileiras e seu uso ficou ainda mais acentuado após os meses mais cruciais da pandemia”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

“Outra influência foi o transporte aéreo de passageiro, não só por conta do aumento do fluxo de passageiros, o que gerou maiores receitas das companhias aéreas, mas também porque foi ajudado pela queda do preço das passagens aéreas observadas no mês de março”, acrescenta. Com o avanço deste mês, os transportes como um todo estão 18,0% acima do patamar pré-pandemia e atingiram o maior nível da série histórica, iniciada em janeiro de 2011.

Com expansão de 1,7%, os serviços de informação e comunicação recuperaram parte da perda de 4,7% acumulada entre dezembro de 2021 e fevereiro deste ano. O setor exerceu a segunda maior influência sobre o índice geral. “Esse crescimento de março não elimina a perda dos três meses anteriores, mas o setor ainda opera 10,5% acima do patamar pré-pandemia. O que mais impactou o aumento em março foi o crescimento das receitas de empresas de portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca da internet, desenvolvimento e licenciamento de softwares e consultoria em tecnologia da informação”, analisa.

Os setores profissionais, administrativos e complementares (1,5%), prestados às famílias (2,4%) e outros serviços (1,6%) completam a lista dos que cresceram em março. “Dentre as cinco atividades investigadas, somente os serviços prestados às famílias não superaram o patamar pré-pandemia. Isso ocorre por causa da magnitude de impacto que esse setor sofreu com a necessidade de isolamento social, diminuição do deslocamento das pessoas e fechamento total ou parcial dos serviços considerados não essenciais”, lembra Lobo. Entre as atividades que influenciaram o crescimento do setor estão restaurantes, hotéis e serviços de bufê. Mesmo com o avanço, os serviços prestados às famílias estão 12,0% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

Na passagem de fevereiro para março, 24 das 27 unidades da Federação acompanharam o movimento de crescimento. Entre elas, os maiores impactos vieram de São Paulo (2,7%), Minas Gerais (6,4%), Distrito Federal (10,3%), Santa Catarina (4,2%), Rio Grande do Sul (2,6%) e Rio de Janeiro (0,8%). A principal influência negativa veio de Mato Grosso (-3,0%).

O gerente da pesquisa explica que o crescimento atual dos serviços se difere daquele observado no momento em que o setor começou a se recuperar das perdas mais intensas da pandemia.

“Em retrospecto, temos uma recuperação mais forte que vai de junho a novembro de 2020 e em seguida um ritmo menor de crescimento que segue até agosto do ano passado, período em que o setor acumulou 9,1%. De setembro até março de 2022, há um ganho acumulado de 3,4%, ou seja, há uma desaceleração ainda maior, devido à base de comparação mais elevada desde o início da recuperação dos serviços”, diz.

Setor acumula ganho de 9,4% no primeiro trimestre

No acumulado no primeiro trimestre do ano, o setor de serviços cresceu 9,4% e quatro das cinco atividades apontaram taxas positivas. Dentre elas o destaque foi o setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (15,5%), que foi impactado principalmente pelo aumento das receitas de empresas atuantes no transporte rodoviário de cargas, no transporte aéreo de passageiros e no rodoviário coletivo de passageiros.

No caso dos serviços prestados às famílias, que acumulam expansão de 30,6% no trimestre, o que explica esse aumento é o movimento das empresas de hotéis, restaurantes e bufês.  Outros avanços vieram dos segmentos de profissionais, administrativos e complementares (8,0%) e de informação e comunicação (3,8%). Já o setor de outros serviços (-2,3%) foi o único a cair nesse indicador. Essa retração está relacionada a uma diminuição na receita de empresas que atuam em recuperação de materiais plásticos, corretoras de títulos e valores mobiliários, administração de bolsas e mercados de balcão organizados, entre outras variedades.

“O setor de outros serviços foi o primeiro a mostrar recuperação mais rápida dos efeitos da pandemia. Os outros quatro demoraram mais a se recuperar. Por isso ele tem uma base de comparação mais elevada”, analisa o pesquisador.

Quando comparados a março do ano passado, os serviços avançaram 11,4% e o resultado positivo também foi acompanhado por quatro das cinco atividades. A principal influência sobre o crescimento total veio do setor de transportes (17,2%). Outros avanços vieram dos serviços prestados às famílias (62,2%); dos profissionais, administrativos e complementares (9,1%); e de informação e comunicação (4,0%). Também nesse indicador, apenas o setor de outros serviços (-4,3%) teve taxa negativa.

Lobo explica que os resultados de dois dígitos são justificados pela base de comparação baixa. “Em março de 2021, tivemos a segunda onda da Covid, momento em que houve decretos estabelecendo o fechamento de serviços não essenciais e desestimulando o deslocamento de pessoas. Por isso, em março, na comparação interanual, há taxas bastante elevadas para atividades como transporte aéreo, por exemplo”, elucida.

Atividades turísticas crescem 4,5% em março

O índice de atividades turísticas cresceu 4,5% em março, após recuo acumulado de 0,9% nos dois primeiros meses do ano. Mesmo com o aumento, o segmento de turismo ainda se encontra 6,5% abaixo do patamar pré-pandemia. “O indicador vai na esteira de serviços prestados às famílias e transportes, crescendo também em março muito influenciado pela alta de transportes aéreos, restaurantes, hotéis e serviços de bufê”, diz.

Os 12 locais pesquisados cresceram na comparação com fevereiro. Entre eles, os que mais contribuíram para o avanço do índice geral foram São Paulo (7,0%), Bahia (8,0%), Santa Catarina (11,8%) e Rio de Janeiro (2,9%).

Fonte: IBGE

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