PUBLICADO EM 04 de fev de 2021
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Viva o povo brasileiro! Viva José Carlos Ruy!

Hoje nos deixou José Carlos Ruy. Quis o destino vê-lo partir no dia seguinte a uma das mais vergonhosas e tristes páginas de nossa biografia enquanto nação: a consolidação da necropolítica de Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Diante de tantos reveses do campo popular, com o povo assistindo passivamente a um rol imenso de retrocessos, é de se perguntar que tipo de gente é essa que até pouco tempo atrás exigia hospitais “padrão Fifa” e hoje aceita calada até mesmo a falta de oxigênio nos hospitais públicos. Que povo é esse que prefere ficar ao lado do opressor a se juntar aos seus pares na defesa dos oprimidos?

Pois foi José Carlos Ruy quem melhor nos explicava esse dilema e nos ensinava a defender intransigentemente o povo brasileiro. Era o camarada Ruy quem nos demovia das vacilações quando, vez ou outra, nos batia um desânimo enorme com esses 30% de nossa sociedade que insiste em defender um governo fascista. Quando temos essa recaída, nos lembramos das aulas e da obra de Ruy e recobramos a necessária visão histórica e dialética para interpretar nossa história e entender nossa sociedade.

Em um de seus últimos artigos escrito em setembro do ano passado, intitulado “As lutas do povo brasileiro”, Ruy sublinhou que “a história brasileira tem sido, desde o desembarque dos portugueses nesta parte do mundo, a crônica de uma resistência sem fim pela liberdade, contra a escravização, pela liberação da terra, contra a opressão”. Essa é visão materialista, histórica e dialética de Ruy que sempre nos norteou e ajudou a compreender o caráter da luta de classes que subjuga tanto física quanto ideologicamente o povo brasileiro.

Em um tempo em que ganha força uma ideologia de extrema direita que desqualifica a nossa história enquanto nação, dividindo-nos enquanto povo e rebaixando nossa rica biografia de lutas, Ruy era um pilar, um bastião na resistência ao complexo de vira-latas que ora nos assola.

Tive o prazer de conhecer José Carlos Ruy no início dos anos 2000 quando me mudei para São Paulo. Enquanto diretor de formação da Executiva Nacional da UJS trocava algumas mensagens frequentes com ele. Ruy sempre participou de nossos cursos nacionais onde lecionava a aula sobre a formação de nosso povo.

Tenho as mais belas recordações de José Carlos Ruy. Uma delas foi o fato de ter sido ele uma das pessoas quem mais me estimulou a escrever. Ruy era o editor de “A Classe Operária” – que na época era impresso – e sempre me dava espaços para um artigo ou outro no jornal. Isso me enchia de orgulho. Sempre nos estimulava a debruçar sobre um tema ou assunto polêmico. Até hoje guardo comigo todos os exemplares de A Classe Operária em que tenho algo escrito.

A mais bela homenagem que podemos render a José Carlos Ruy é valorizar nossa história e nosso povo. Estudar sua obra para compreender mais e melhor a biografia de nossa nação. Defender seu legado para resistirmos em melhores condições a opressão das classes dominantes da atualidade.

Viva o povo brasileiro! Viva José Carlos Ruy!

Luciano Rezende Moreira é professor e membro do Comitê Central do PCdoB. 

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